São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo quer usar reservas para reduzir dívida externa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo pretende utilizar suas reservas em dólar -hoje estimadas em US$ 50 bilhões e consideradas excessivas- para abater parte de sua dívida externa junto aos bancos estrangeiros, que soma US$ 28,55 bilhões.
Para isso, obteve ontem do Senado autorização para antecipar o pagamento das garantias previstas no acordo da dívida firmado em abril de 94.
Antes de quitadas as garantias, o que só aconteceria pelo cronograma original em abril de 96, o Brasil não poderia comprar os títulos de seu próprio débito.
Após quitar os US$ 572 milhões em garantias restantes em outubro próximo, o governo poderá adquirir sua própria dívida, com abatimento, dos seus credores.
A operação ocorre da seguinte forma: quando foi fechado o acordo com os credores, a dívida brasileira foi transformada em cinco tipos diferentes de papéis, que são livremente negociados no mercado financeiro internacional.
Como os títulos têm prazos de até 30 anos e o Brasil ainda é visto como mau pagador no exterior, os papéis da dívida são negociados com deságio. Um título de US$ 1, por exemplo, pode ser adquirido por US$ 0,40 ou US$ 0,60.
Daí a vantagem de o próprio governo brasileiro comprar os títulos. Abate-se a dívida em condições vantajosas e consegue-se uma utilidade para o excesso de reservas.
É inviável, porém, um abatimento vultoso e imediato da dívida externa. No momento em que o Brasil iniciar a compra de seus títulos, as cotações dos papéis subirão e as vantagens desaparecerão.
O mais provável é que o governo faça, através de corretoras internacionais, pequenas compras de papéis, com um período de tempo razoável entre as operações.
Um exemplo da cautela necessária nessa operação foi dado ontem pelo presidente do Banco Central, Gustavo Loyola. "Se eu disser que nós vamos comprar os papéis, o deságio desaparece".
Os termos da mensagem aprovada ontem pelo Senado, porém, são claros. O documento diz que o BC pediu autorização para a antecipação das garantias para liberar o governo das restrições "que impossibilitam o Tesouro e o BC de comprar os bônus (títulos) brasileiros no mercado secundário internacional".

Texto Anterior: Credicard e Pão de Açúcar lançam cartão
Próximo Texto: Malan quer seguro maior que R$ 12 mil
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.