São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Fiscais da Receita fazem blitz no clube

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Fiscais da Receita Federal fizeram uma blitz ontem no Palmeiras. O clube está sendo investigado sob suspeita de sonegação fiscal.
Caso a Receita comprove as supostas irregularidades contábeis, o Palmeiras pode perder o direito à isenção de Imposto de Renda (benefício concedido a associações esportivas sem fins lucrativos).
Os fiscais -um homem e uma mulher- chegaram ao clube às 16h. Ficaram até 16h38. Saíram levando somente as mesmas pastas com que haviam chegado.
Eles não se identificaram e nem informaram se haviam apreendido algum documento. "Sem declarações", disse o homem. Investigações desse tipo estão sujeitas a sigilo por parte da Receita Federal.
Segundo a portaria do Palmeiras, o fiscal já tinha estado no clube anteontem. Ele teria entregado uma intimação à diretoria.
O Palmeiras não quis comentar a blitz. O presidente do clube, Mustafá Contursi, oficialmente não estava. A Folha apurou, porém, que ele chegou por volta de 15h30 e só saiu no final da tarde.
Apesar de ser isento de Imposto de Renda, o clube tem a obrigação de recolher o imposto sobre o salário pago a seus funcionários.
Segundo carta do contador do clube, Lineu Berti, o Palmeiras teria declarado à Receita valores inferiores aos efetivamente pagos aos jogadores e à comissão técnica. Isso constitui sonegação fiscal.
Caso isso seja comprovado, o clube terá de pagar o imposto devido e multa, além de poder ser processado.
"Tudo o que o jogador recebe, não importa o título -bicho, luvas, prêmios-, é tributável", disse à Folha o advogado tributarista Carmine Abbondati Neto, 46.
Segundo ele, o clube pode sofrer ainda um outro tipo de sanção, caso sejam confirmadas as irregularidades apontadas.
Se houver despesas não comprovadas, como diz Berti, o Fisco pode presumir que esse dinheiro foi entregue a dirigentes do clube como forma de remuneração.
"Nesse caso, há quebra da condição de isenção fiscal. Os dirigentes de associações sem fins lucrativos não podem ser remunerados", disse Abbondati, que é palmeirense.

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