São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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'Fraturados' iniciam hoje GP Brasil de Motociclismo

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Os campeões mundiais de fraturas começam a participar hoje no autódromo de Jacarepaguá (zona oeste do Rio) dos treinos para o GP Brasil de Motociclismo.
Entre os 89 pilotos inscritos para as três categorias -125cc, 250cc e 500cc-, 40 já implantaram aparelhos metálicos no corpo, com o objetivo de manter unidos fragmentos ósseos.
Os médicos utilizam parafusos, placas, hastes e fios para acelerar a recuperação dos pilotos. Muitas vezes, o método dispensa gesso, ou antecipa sua retirada.
O vice-líder das 500cc no Mundial, o australiano Daryl Beattie, só não marcou pontos em uma das 10 provas já realizadas neste ano.
Na Holanda, ele sofreu um acidente e teve de implantar uma peça metálica num ombro. Na etapa seguinte, já estava competindo.
"Em média, a cada Grande Prêmio 70 pilotos são atendidos no centro médico durante os treinos e a corrida", diz o ortopedista italiano Cláudio Costa.
Ele acompanha as 13 etapas do Mundial. "Sou o médico de família dos pilotos." De acordo com Costa, cerca de 60 pilotos fazem habitualmente fisioterapia para se recuperar de contusões.
As fraturas mais frequentes são nas mãos e nos pés. Os acidentes mais comuns ocorrem em curvas, quando os corredores costumam tocar um joelho no solo, inclinando a motocicleta.
Na prova do Brasil, a velocidade máxima nas 500 cc deve se aproximar de 300 km/h, na maior reta. Só hoje se saberá a velocidade atingida, porque o circuito foi reformulado.
"Não tenho tempo para fazer mais nada na época das corridas, a não ser atender os pilotos", conta Cláudio Costa.
Ele considera a pista de Jacarepaguá uma das mais seguras do mundo porque tem muita área de escape -quando a moto derrapa, não há muro ou barreira de pneus muito próximo à pista.
"Acidente você pode ter até no banheiro da sua casa. No motociclismo, o importante são os grandes espaços em torno da pista."
O ortopedista Lídio Toledo, que há mais de 30 anos atende atletas, especialmente jogadores de futebol, diz que a medicina esportiva foi fundamental para o avanço da ostessíntese -o tratamento ortopédico com implantação de peças metálicas.
"Os atletas precisam voltar logo a trabalhar. Por isso, são usados aparelhos de metal."
Um ex-goleiro do Botafogo, Zé Carlos, chegou a implantar 21 parafusos no fêmur, osso da perna, após um acidente de carro. Muitas pessoas mantêm as peças metálicas no corpo até o fim da vida.
Dependendo do metal, os pilotos têm de avisar os responsáveis pela revista com detector de metais em aeroportos. O alarme toca, mas o embarque é autorizado.

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