São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Kieslowski ressuscita Paris

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O diretor Krzysztof Kieslowski é chegado numa série. Nos anos 80, fez "O Decálogo", dez filmes para a TV polonesa que o lançaram internacionalmente.
Quando foi para a França, nos 90, optou por uma trilogia sobre o lema da Revolução Francesa ("Liberdade, Igualdade, Fraternidade") e as cores da bandeira daquele país (azul, branco, vermelho).
"A Liberdade É Azul" (Bandeirantes, 21h45) é a primeira parte. Ali, Juliette Binoche é uma mulher que perde marido e filho num acidente de automóvel.
Para ela, é a morte em vida. E a morte, parece acreditar Kieslowski, é a única forma de liberdade completa a que podem chegar os humanos.
A partir daí, o que existe é um processo de reintrodução da mulher na vida. Ela busca retalhos de seu passado num concerto que o marido deixou inacabado.
Aos poucos, o filme nos introduz num processo de ressurreição, pelo qual um ser -a personagem de Binoche, no caso- volta a pulsar, trocando a indiferença completa pelo reconhecimento e discernimento das coisas.
"A Liberdade É Azul" é um filme cristão, certamente, muito marcado pela origem do cineasta. Marcado também pela presença de Binoche -em um de seus melhores momentos como atriz.
Mas, sobretudo, marcado por Paris. Essa cidade tão fotogênica tem sido desprezada pelo cinema francês dos últimos anos, ao menos o que nos chega aqui. Paris também revive pelas mãos de Kieslowski, filmada com visível prazer. Só isso vale o filme.
(IA)

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