São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995 |
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O grande subversivo
CARLOS HEITOR CONY RIO DE JANEIRO - Evito comentar a política do Rio. Em contraste com o caldo cultural da cidade e da velha província do Rio de Janeiro, os métodos aqui praticados são paroquiais. O longo período em que a ex-capital federal não teve autonomia rebaixou a vida pública a um nível mofino.Em princípio, um governador do Rio tem destaque nacional. Carlos Lacerda e Leonel Brizola, adversários entre si, polêmicos e geradores de fatos, marcariam o estágio que a cidade e o Estado merecem. Sofreram campanhas de ódio irracional. Lacerda foi acusado de matar mendigos. Brizola está ameaçado, agora, de ser novamente cassado da vida pública. A aprovação de suas contas foi politizada e, o que é pior, partidarizada. São detalhes técnicos, de responsabilidade subalterna, que não comprometem o ex-governador. Seria o mesmo que cassar FHC pelo dinheiro que o Hargreaves está recebendo ilicitamente. Se há um brasileiro que não pode ser acusado de improbidade é Brizola. Ao lado de Jango e JK, foi dos políticos mais investigados da história republicana. Como governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, ao longo de três mandatos separados pelo hiato totalitário de 21 anos, ele foi combatido asperamente por causa das prioridades que imprimiu à sua luta política e administrativa. Comprou adversários de peso, contrariou multinacionais e grupos econômicos poderosos. Continua sendo, em muitos sentidos, o grande subversivo do nosso tempo, sobre o qual recaíram e ainda recaem todas as cóleras do sistema. Nunca se ouviu dizer, nem mesmo no período mais virulento do regime militar, que cometesse atos de improbidade administrativa. A campanha desencadeada por um dos filhos do atual governador, que nesse lance tem o suspeito apoio do PT fluminense, sujará a biografia de Marcello Alencar -tenha o caso o desfecho que tiver. Texto Anterior: Os sem-terra e os sem-vergonha Próximo Texto: Ismos e neos Índice |
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