São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Candidato a inquilino deve barganhar

RODRIGO AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor começa a ganhar voz no mercado de aluguel. Nos últimos três meses, a oferta de imóveis residenciais para locação quase dobrou em São Paulo. Ficou mais fácil negociar a redução do preço inicial dos contratos.
Segundo a Aabic (Associação das Administradores de Bens Imóveis e Condomínios), há cerca de 7.500 imóveis para alugar hoje em São Paulo. Em junho, havia 3.800.
O resultado é que os preços caíram 4% em julho e 3% em agosto. E a queda não deve parar por aí. Na opinião do presidente da Aabic, José Roberto Graiche, o preço do aluguel ainda tem "uns 20% de gordura para queimar".
"O valor do aluguel só vai se recuperar a partir de novembro", afirma Sérgio Lembi, vice-presidente para Locação do Secovi-SP (sindicato que reúne as imobiliárias e as construtoras do Estado).
A situação se inverteu em relação ao primeiro ano do Plano Real (em vigor desde 1º de julho de 94), quando a classe média teve seu poder de compra revigorado.
O aluguel na época subiu 209,68%, segundo cálculos da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da Universidade de São Paulo), contra uma inflação de 32,1% no mesmo período.
"Três meses atrás, alugávamos qualquer imóvel a qualquer preço", diz Carlos Eduardo Lima, diretor-financeiro da imobiliária Pedro Lima. Mas as medidas de contenção ao consumo do governo federal reverteram a tendência.
"Os proprietários estão caindo na real", afirma Elizabeth Matuszeski, gerente da imobiliária Guizzardi. Ela acha que os preços estão voltando a um patamar razoável, depois de subirem exageradamente a partir de julho de 94.
Mas esse aumento de preços também teve seu lado positivo. Muitos proprietários se animaram a colocar de volta no mercado imóveis que estavam fechados.
Em resumo: com os preços lá em cima, atualmente pouca gente pode alugar um imóvel. Por outro lado, há mais imóveis disponíveis.
São motivos suficientes para que os candidatos a inquilino pensem duas vezes antes de assinar um contrato. A palavra de ordem é não ter pressa e pechinchar. "O consumidor está com maior poder de barganha", afirma Hubert Gebara, da Hubert Imóveis.
Com o mercado desaquecido, os imóveis residenciais tendem a ficar muito tempo desocupados. Para o locador, isso significa perder dinheiro. Por isso, ele fica mais propenso a aceitar um desconto.

LEIA MAIS
sobre o mercado de locação na página 9-3.

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