São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Pioneiros comemoram 45 anos de TV

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

A televisão brasileira, 45, comemora seu aniversário amanhã com uma festa baile. O encontro, no Clube Piratininga de São Paulo, será "abrilhantado" pela orquestra de Plínio Metropolo.
Os veteranos da TV aproveitam a data e lançam a Apite (Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira), que pretende ajudar ex-profissionais e preservar a memória televisiva. Um dos idealizadores é Luiz Gallon, 67.
Gallon presenciou a primeira transmissão da TV no Brasil, em 18 de setembro de 1950. "No dia, estavam apenas quatro funcionários: dois cenógrafos, o diretor, que era o Cassiano Gabus Mendes, e eu, de assistente", lembra.
"Naquele tempo não tinha essa infra-estrutura de hoje", diz Gallon, que começou como faz-tudo e chegou a ser um dos diretores mais importantes da época -ganhou oito prêmios Roquette Pinto.
Sua carreira se confunde com o desenvolvimento da TV. O veterano estava no porto de Santos, junto com Assis Chateaubriand, em janeiro de 1950, para receber os equipamentos da primeira emissora da América Latina, a Tupi.
A partir da estréia oficial, as imagens começaram a ser geradas ao vivo de um estúdio no bairro paulistano Sumaré, onde hoje funciona parte do SBT. A emissora exibia musicais com os artistas do rádio.
Então, surgiram os teleteatros: "Grande Teatro Tupi", com a atuação das melhores companhias teatrais da época, e "TV de Vanguarda", que abria espaço para pessoas ligadas ao cinema, entre outros.
Gallon participava da direção de vários episódios -muitos deles protagonizados pela atriz Lia de Aguiar. Ele se considera o Guel Arraes da época: "Eu já tentava editar na direção, fazia coisas diferentes, ousava bastante".
A primeira novela
Seis meses depois da estréia, veio a primeira novela, "Sua Vida Me Pertence", escrita e estrelada por Walter Forster, 78, que protagonizou, junto com Vida Alves, o primeiro beijo da TV do país.
Segundo Forster, o novo veículo demorou ainda quatro anos para se estabelecer. "O rádio atingia o país inteiro, mas não tínhamos certeza se a TV chegava até a Aclimação", brinca. "Ela só tomou vida mesmo com a chegada do videoteipe, em 1960."
Quanto à TV de hoje, Gallon afirma que o que mais o impressiona é o imediatismo. "É incrível pensar numa transmissão ao vivo de Fórmula 1. A câmera presa ao carro naquela velocidade..."
Sobre as novelas atuais, diz que são bem-feitas e contam com a ajuda da tecnologia, mas "não chegam nem perto do cinema, para mim ainda o mais perfeito de todos".
Forster pensa diferente. Para ele, a TV hoje é quase perfeita. "Mas não posso falar em perfeição", diz. "Porque ainda tem muita tecnologia nova para chegar."

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