São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Marinha suspende projeto por falta de recursos
ALEXANDRE SECCO
"Neste momento, continuar o projeto do submarino nuclear é uma bobagem", disse em entrevista à Folha o ministro da Marinha, Mauro César Pereira. O Senado acaba de autorizar a Marinha a tomar R$ 280 milhões emprestados de um consórcio de empresas alemãs. O dinheiro é para concluir a primeira fase do projeto do submarino brasileiro. Esse valor seria suficiente para a guarda costeira, os bombeiros e a Polícia Federal comprarem 2.800 lanchas. Seria possível colocar uma lancha a cada 2.600 metros da costa brasileira. Nessa primeira fase, na qual a Marinha pretende capacitar seus técnicos e absorver tecnologia, está prevista a construção de cinco submarinos. Dois dos submarinos (um feito na Alemanha e outro, no Brasil) já estão navegando. Mais dois estão sendo construídos no Rio de Janeiro e o último da série já tem recursos assegurados. Terminada essa etapa, a Marinha pretende estar pronta para construir submarinos com tecnologia 100% nacional. O Brasil é o primeiro país do hemisfério sul a construir submarinos. Se a Marinha atingir seus objetivos, será a primeira a dominar a tecnologia. Essa mudança de rota não significa que o projeto do submarino nuclear esteja sendo abandonado. Desde que, em 1989, uma Comissão Parlamentar de Inquérito resolveu investigar o assunto, a Marinha tenta convencer os deputados da necessidade do projeto. Grupos de parlamentares são levados a conhecer o projeto "in loco". Na semana passada uma dessas visitas teve a participação do deputado Paulo Heslander (PTB-MG), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia. Heslander se disse "tremendamente impressionado" com o projeto. Para ele, o mais importante é a tecnologia que acaba "sobrando" de projetos desse tipo. Até agora, os investimentos no projeto nuclear já renderam 400 novos produtos para uso civil. Descobriram-se novos materias, produtos para uso médico e até tecnologia para localização de rios subterrâneos em áreas de seca. A Marinha espera agora o momento certo para "emplacar" a idéia e fazer o Congresso aprovar recursos para execução do projeto nuclear. Enquanto o momento não chega, os esforços estão voltados para os submarinos convencionais. Dominada a tecnologia para fazer submarinos movidos a energia diesel-elétrica, a Marinha acha estar mais perto do submarino nuclear. Texto Anterior: Chile afirma preferir Mercosul ao Nafta Próximo Texto: Construção tem duas fases básicas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |