São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Tramar contra Malan é inútil, diz FHC

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BRUGES

O presidente Fernando Henrique Cardoso mandou ontem um recado aos que conspiram contra o ministro da Fazenda, Pedro Malan: "Perdem tempo".
A afirmação foi feita em improvisada entrevista após o presidente ter visitado o "Kunst Centrum" (Centro de Arte), instalado no antigo hospital São João, de Bruges (100 km a noroeste de Bruxelas).
Na semana passada, houve intensa especulação no Brasil sobre uma ofensiva contra o ministro da Fazenda, da qual Josias de Souza, da Folha, ofereceu amplo relato em sua coluna de sábado.
Até de setores do governo e do PSDB, partido do presidente, estavam sendo lançadas farpas pesadas em direção ao ministro.
A manutenção dos juros em patamares ainda altos, o que é admitido pelo próprio Malan, é uma das causas das críticas, de resto compartilhadas por empresários.
"O Malan é uma pessoa na qual eu tenho a maior confiança. A relação que tenho com o Pedro é de muitos e muitos anos", reforçou o presidente.
Primeiro, Malan, sorrindo, pediu que o presidente entregasse ao patrimônio público o presente que estava recebendo da cidade, o livro "Bruges e a Europa". FHC devolveu (em francês): "Não, esse é a título pessoal".
Depois, foi a vez de o presidente provocar o ministro da Fazenda, sentado do outro lado da grande mesa. Disse ao prefeito que Malan havia preparado um discurso em flamengo (a segunda língua da Bélgica, ao lado do francês).
Malan fez sinal de negativo com a mão e passou a tarefa de discursar em flamengo ao chanceler, Luiz Felipe Lampreia.
FHC aceitou a brincadeira. "Se é um bom ministro de Relações Exteriores, tem de falar flamengo", emendou.
Ontem, no entanto, o ministro da Fazenda não parecia nada disposto a brincadeiras durante o passeio de barco pelo canal de Bruges que a comitiva fez pela manhã.
Na conversa com os jornalistas, o presidente foi perguntado sobre o mau humor de Malan.
"Ele é economista, não é sociólogo. Tem de fazer uma cara mais séria", disse.

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