São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Ministro Jatene evita dizer o nome 'Bráulio'

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM (PA)

O ministro da Saúde, Adib Jatene, só está se referindo ao Bráulio da campanha para prevenção à Aids como "esse nome próprio".
Por ordem do ministro, as peças publicitárias em que um ator conversava com seu próprio pênis, apelidado de Bráulio, foram suspensas no último sábado.
"A utilização desse nome próprio estava criando constrangimento para algumas pessoas e eu preferi evitar isso", disse o ministro ontem em entrevista coletiva em Belém.
Segundo Jatene, que participou da abertura do 50º Congresso Brasileiro de Dermatologia, o tom da campanha, considerado agressivo pela Igreja Católica, não será alterado.
"Cerca de 500 mil pessoas estão contaminadas. Mais de 30 mil já morreram. Nós queremos combater a Aids e o tom da campanha será mantido", disse o ministro.
"A única alteração será a troca desse nome próprio por outro que não crie problemas a ninguém", disse ele.
A agência publicitária que criou a campanha vai escolher o novo nome.
O ministro disse que não sabe qual será o novo nome e não tem preferência por nenhum.
"Só não pode ser um nome próprio que possa ser associado às pessoas", disse Jatene.
Segundo o ministro, "esse nome próprio" deve ser mudado ainda nesta semana.
Jatene informou que a mudança na campanha não acarretará mais gastos ao Ministério da Saúde.
Uma das perguntas feitas ao ministro foi se a troca do nome não traria mais problemas aos Bráulios, pois eles poderiam ganhar um novo apelido -o novo nome dado ao pênis na campanha.
Sob risos de assessores e repórteres, o ministro disse que não saberia resolver esse problema.
O congresso de dermatologia aberto ontem pelo ministro discutirá temas como novos tratamentos para hanseníase, leishmaniose e doenças de pele ligadas à Aids, com a participação de pouco mais de mil médicos vindos de todo o país.
Novo imposto
Durante a coletiva o ministro, que volta hoje a Brasília, também falou do CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), a reedição do imposto do cheque, cuja receita será destinada à Saúde.
O projeto está sendo analisado pelo Congresso Nacional.
Mesmo sem ter o novo imposto aprovado pelo Congresso, o Ministério da Saúde já prevê em seu orçamento para 96 os R$ 6 bilhões estimados da arrecadação do CPMF.
O projeto será votado dia 26 no Senado. Depois será submetido à Câmara Federal.
"Se ele não for aprovado, não há saída para a Saúde a curto prazo", afirmou o ministro.

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