São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995 |
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Taxa de mortalidade atinge 24% dos produtos no país
NELSON BLECHER
Praticamente um terço das novidades de seis anos atrás saíram de linha. Já no setor de limpeza doméstica apenas 11% dos novos produtos evaporaram das prateleiras nesse período. Um cotejo com levantamento similar realizado nos EUA favorece as indústrias nacionais. A Copernicus, uma consultoria de marketing de Massachusetts, constatou que 90% dos novos produtos de todas as categorias fracassam dois anos depois do lançamento. Somente no ano passado cerca de 20 mil novos produtos aterrissaram no varejo norte-americano. Essa avalanche ajuda a pressionar a taxa de mortalidade. "Os espaços nas prateleiras são cada vez mais restritos, disputados e caros", afirma José Roberto Martins, vice-presidente da Global Brands, uma consultoria paulista especializada na avaliação financeira de marcas. "Um supermercado médio no Brasil opera com 5.000 a 15.000 itens. Isso significa modificações constantes nas gôndolas, uma vez que os gerentes procuram se livrar dos produtos que não giram rapidamente", acrescenta Eduardo Schubert, sócio da Indicator, que contabilizou a introdução de 4.693 produtos e variantes em 1994. Para Nelson Barrizzelli, professor de marketing da USP, no Brasil a taxa de mortalidade só não é equivalente à dos EUA por causa do ainda baixo grau de competição. Na maioria das categorias, as três principais marcas detêm 80% de participação. Segundo Barrizzelli, a elevada concentração facilita a penetração de novas marcas, graças a apelo de preços mais baixos ou de sintonia fina com os consumidores. "Nos EUA, a participação é muito mais pulverizada." Exemplo de empresa que vem abocanhando fatias de concorrentes, a maioria de portentosas multinacionais, a Arisco acaba de anunciar sua entrada no mercado de sopas, que movimentou faturamento de US$ 57,6 milhões até julho passado. Acertar a mão no lançamento de um produto não depende apenas de pesquisas prévias junto aos consumidores, opina Martins. "Se fosse assim, a New Coke não teria sido o fiasco de 1985 e o McLean, o hambúrguer diet do McDonald's, seria um lançamento de sucesso, graças à onda de saúde", afirma. "Aliás, apenas 1% dos novos produtos introduzidos nas cadeias de fast-food são bem-sucedidos." Texto Anterior: Revolução nas gráficas Próximo Texto: Venda baixa leva à morte Índice |
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