São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995 |
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De tecnologias
CLÓVIS ROSSI BRUXELAS - O presidente Fernando Henrique Cardoso hesita, mas acaba usando a expressão "parceria estratégica" para se referir às relações entre Brasil e Alemanha, país ao qual chega hoje, na segunda etapa de seu périplo europeu.Logo em seguida, previne: não se trata mais do "estratégico" de 20 anos atrás, quando o Brasil dos militares, que sonhava com o papel de potência, acertou com a Alemanha um desastroso acordo nuclear. Agora, a parte estratégica da parceria refere-se a outro tipo de tecnologia. O presidente diz que a Alemanha, juntamente com Japão e Estados Unidos, lidera o clube da tecnologia de ponta e é atrás dela que o governo brasileiro vai "para alavancar o desenvolvimento", diz FHC. Vai encontrar um governo alemão predisposto a ouvir com atenção. Um pouco por tradição. O parque industrial de origem alemã instalado no Brasil é tão formidável que chega a produzir algo em torno de 15% do PIB brasileiro, a soma de todas as riquezas geradas em um país em um dado ano. E um pouco porque o empresariado alemão implantado no Brasil queixa-se de que a Alemanha corre o risco de perder o bonde das reformas em andamento na América Latina e que abrem belas oportunidades de negócio. Nada contra a busca de tecnologia de ponta. Mas há outro tipo de tecnologia que o presidente poderia aproveitar para sondar hoje mesmo, dia em que visita a fábrica da Volkswagen. É a tecnologia das propostas para combater o desemprego. A Volks acaba de assinar com seus operários um novo acordo para flexibilizar a jornada de trabalho, depois de tê-la reduzido, três anos atrás, com a consequente diminuição também dos salários. Pode não ser a panacéia universal, mas é uma das poucas idéias, talvez a única, postas em prática enquanto o mundo todo fica discutindo o fenômeno do desemprego estrutural. É claro que não há ponto de comparação entre Brasil e Alemanha, mas parte da indústria brasileira já chegou ao estágio em que a produção cresce e o emprego não, ao menos não na mesma proporção. Texto Anterior: Dólar forte Próximo Texto: Desafio mundial Índice |
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