São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
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Melhor sem eles

A postura firme do Banco Central em favor da privatização do Banespa pode ajudar a eliminar uma fonte quase permanente de déficit público. Não apenas em São Paulo, mas em quase todo o país, os bancos estaduais têm sido utilizados como instrumento político de governos mal administrados. A possibilidade de endividar-se através de um banco próprio tem permitido a Executivos estaduais gastar sistematicamente mais do que arrecadam.
Não é por coincidência que todas as principais instituições financeiras sob controle dos Estados ficaram em má situação com a queda da inflação. Os lucros artificiais gerados pela desvalorização diária da moeda foram drasticamente reduzidos. A ineficiência e o custo da influência política apareceram assim em toda sua plenitude.
Ainda que os problemas do Banespa e a crise financeira em que se encontra o próprio Estado de São Paulo não tenham se originado na atual administração, o governador Mário Covas não pode eximir-se de tomar as medidas que a realidade praticamente impõe. Se o Estado já ultrapassou sua capacidade de endividamento, não lhe resta alternativa senão vender ativos. É essa a regra a que estão sujeitas quaisquer pessoas ou empresas. Não há por que ser diferente com instituições do poder público.
A privatização do Banespa, assim como a dos demais bancos estaduais, só pode ajudar na consolidação de uma economia estável. Pouco importa que o governador Mário Covas não tenha feito mau uso do banco. Mantê-lo seria perpetuar o convite a que outros o façam.

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