São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995
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CPI do BC é requerida no Congresso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado José de Abreu (PSDB-SP) entregou ontem ao presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), um requerimento assinado por 189 deputados pedindo a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o BC.
São precisas 172 assinaturas para instalar uma CPI. Segundo o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), o pedido não tem respaldo do partido e a comissão "não vai para frente".
Anteontem, a bancada paulista decidiu romper com o BC, devido ao tratamento dado pelo órgão aos problemas do Banespa. "O problema não é de um banco isolado. Vários Estados estão com dificuldades com as altas taxas de juros. A CPI vai abrir de vez a caixa preta que é o BC", disse Abreu.
Segundo o deputado, a instalação da CPI não prejudica o governo. "Se há um órgão que precisa de investigação, não é o governo que vai querer impedir isso".
Abreu afirmou que não consultou o governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), sobre o pedido de CPI.
Loyola
O presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, não comentou o pedido.
Ele decidiu atuar ontem como bombeiro na crise do Banespa. Resolveu procurar parlamentares da bancada paulista, que anteontem criticaram publicamente a atuação do BC nas negociações sobre o banco paulista.
Loyola visitou o senador Pedro Piva (PSDB-SP) em seu gabinete. Telefonou também para o deputado José Aníbal, um dos líderes da rebelião da bancada paulista.
Loyola disse a Piva que deverá ser levada ao presidente Fernando Henrique Cardoso uma proposta para a renegociação de todas as dívidas estaduais, em que serão incluídas as dívidas dos Estados junto a seu banco -São Paulo deve R$ 13,5 bilhões ao Banespa.
Para ter condições de quitar sua dívida junto ao Banespa, o Estado precisará de "20 ou 25 anos", estimou Piva após a reunião com Loyola. Até então, o Senado estava empenhado apenas na negociação das dívidas em títulos dos Estados.
A bancada paulista pretende arrancar, já na próxima semana, um compromisso de FHC quanto à renegociação da dívida paulista e a manutenção do banco em poder do Estado.
José Aníbal disse que o encontro com FHC poderá acontecer já na próxima quarta-feira. A bancada também quer uma definição rápida para a aprovação da proposta de Covas para o banco.
"Solução política é o seguinte: o presidente manda o BC aprovar a solução em 24 horas", disse Hélio Rosas (PMDB), que defende ainda o fim da intervenção federal.
Os parlamentares paulistas, na verdade, não têm propostas mais concretas além do encerramento da administração do BC no banco. Na hora de defender as idéias de Covas, demonstram confusão.
Rosas disse não saber como conseguir US$ 6 bilhões no exterior para refinanciar parte do débito. "O pessoal que entende disso acha que é facílimo". Afirmou que o empréstimo será garantido pelos repasses federais ao Estado, de "R$ 70 milhões mensais".
O deputado Luiz Gushiken (PT-SP) disse que a proposta Covas é de acordo geral, mas deverá haver divergências nos detalhes. Calculou em "R$ 50 milhões ao mês" os repasses federais a São Paulo.
Estaduais
Depois do rompimento dos deputados federais paulistas com o BC, os deputados estaduais de São Paulo também decidiram pressionar o governo federal para encerrar a intervenção sob o Banespa.
Uma comissão suprapartidária de deputados, comandada pelo líder do governo Mário Covas na Assembléia Legislativa, o tucano Walter Feldman, marcou uma reunião com Loyola para as 16h de amanhã na sede paulista do BC.

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