São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995
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Presa acusa 5 policiais de tortura

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Em acareação que durou três horas, a presidiária Lindalva Tereza dos Prazeres, 51, apontou cinco policiais civis como envolvidos em torturas supostamente praticadas em 1993 na DAS (Divisão Anti-Sequestros), órgão da Polícia Civil do Rio.
Um dos reconhecidos teria mandado Lindalva -em 11 de agosto de 1993- limpar a "sala das torturas" da DAS. Ali, ela teria visto o corpo ensanguentado de Jorge Carelli, funcionário da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) desaparecido desde aquela época.
A Corregedoria de Polícia Civil não divulgou o nome desse policial. Lindalva disse que o conhecia apenas como Serginho.
Os demais policiais reconhecidos por Lindalva na acareação são o inspetor Plácidio Guimarães Neto e os detetives Paulo Roberto Madeira, Guacy Raposo e Paulo Roberto da Silva Adolfo Hurst.
Ela acusa os quatro de a terem torturado durante os dois meses em que ficou presa na DAS -de junho a agosto de 1993.
O advogado do Sindicato dos Policiais Civis, Márcio Vasconcellos, disse que recorrerá à Justiça contra a acareação.
Segundo ele, Lindalva "não é testemunha idônea", pois foi presa por alguns dos policiais da DAS a quem acusa de envolvimento no desaparecimento de Carelli.
Lindalva cumpre pena de 30 anos de prisão no presídio feminino Talavera Bruce (Bangu, zona oeste do Rio). Ela foi condenada pela Justiça como sequestradora. Em depoimento judicial, afirmou ter participado de sequestros.
A acareação foi realizada no ginásio da Academia de Polícia, no centro do Rio, das 11h30 às 14h30. Foram convocados 97 policiais que trabalhavam na DAS na época em que Carelli sumiu.
A testemunha chegou à academia protegida por 15 policiais armados de fuzis e pistolas.
Antes da acareação, o presidente do inquérito que apura o desaparecimento de Carelli, delegado José William de Medeiros, disse que, se houvesse ameaça contra Lindalva, o responsável seria indiciado por constrangimento ilegal.
Ladeada por Medeiros, a testemunha ficou à frente de cada um dos policiais suspeitos. Ela não hesitou em apontar os cinco que afirma terem atuado em torturas.

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