São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995 |
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Livros Texto publicado ontem por esta Folha mostrou que um livro em inglês pode sair por R$ 1,45 em livrarias brasileiras. O mesmo fenômeno ocorre com as edições italianas. Obras em alemão, francês ou japonês são um pouco mais caras, mas muitos textos podem ser adquiridos por menos de R$ 10. Edições brasileiras, sem nenhum luxo, dificilmente saem por menos de R$ 10. As explicações para esse perverso fenômeno, que só contribui para tornar menos culto um país já extremamente inculto, costumam centrar-se nas baixas tiragens que impedem os ganhos da economia de escala. O argumento é incontestável, mas será que as tiragens têm necessariamente de ser tão pequenas? Talvez não. Algumas livrarias chegam a exigir 60% do preço de capa para vender um livro. É uma margem extorsiva que em parte explica a exorbitância do preço dos livros brasileiros. Também talvez seja um mito a muito propalada lenda de que o brasileiro não se interessa por livros ou outros produtos culturais. Há pouco, houve paulistanos que enfrentaram filas de sete horas para poder apreciar as obras de Rodin. O sucesso de vendas de encartes culturais -atlas geográfico, atlas histórico, dicionário- promovido por esta Folha é mais um exemplo de que a demanda por boa cultura a bom preço existe. Já é hora de a indústria editorial brasileira recorrer à velha fórmula do vender mais barato para vender mais. O consumidor, que quer ser cidadão, agradeceria. Texto Anterior: A Aids e o prelado Próximo Texto: Situação kafkiana Índice |
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