São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995
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Satyajit Ray recriou o cinema de seu país

DO "LE MONDE"

Ravi Gupta, diretor da NFDC (National Film Development Corporation), em seu escritório do Nehru Center, uma torre redonda que domina um planetário sobre uma colina do centro, é categórico e deslumbrado sobre a produção de filmes em seu país. "Somos o maior produtor de filmes do mundo. De cerca de oitocentos e cinquenta por ano, Bombaim encabeça a lista com 40%. Tanto Bombaim quanto Madras produzem mais que Hollywood. E não há nenhuma razão para que isso mude..."
Ao norte da cidade, em 170 hectares de colinas e de vales, estende-se Film City, um vasto terreno vago de vegetação pobre, cercado de arame farpado. É o maior estúdio ao ar livre do mundo, onde se filma vinte e quatro horas por dia, ocupando duzentas e cinquenta pessoas.
No interior, um galpão parecido com uma usina abriga os cenários de uma série televisiva. Na parte externa encontram-se alguns cenários permanentes, um templo, um pequeno lago, uma fortaleza medieval e um palácio.
Há sempre na paisagem pelo menos três pares ocupados em fazer mil juras de amor diante de uma câmera. É desmoralizante.
O cineasta Satyajit Ray exclamará indignado, ainda assim, que o cinema indiano não é 'sentimentalóide'. É verdade.
Quando Satyajit Ray surgiu no céu indiano, em 1955, com "Pather Panchali", assistiu-se a um milagre: sem canções, a realidade cotidiana, atores certos, uma narrativa estruturada. A filmagem foi heróica e salva pelo dinheiro público.
Ray faz o mundo inteiro reconhecer o valor do cinema indiano. De preferência, seu próprio valor. Sua obra é respeitada e atualmente está em vias de restauração, graças a admiradores de todas as nacionalidades, como o diretor americano James Ivory.

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