São Paulo, sábado, 23 de setembro de 1995
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Jovem morre em Secretaria da Segurança

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O jovem James Gaudino, 16, morreu às 10h de ontem com um tiro no peito na sala do chefe de gabinete da Secretaria da Segurança de Alagoas, Antonio Teixeira.
A sala fica ao lado do gabinete do secretário, coronel da Polícia Militar Antônio Amaral.
O tiro saiu de um revólver calibre 38 da polícia alagoana que estava sendo usado pelo agente da Polícia Civil Amaro Jorge de Almeida, segurança do secretário.
Na versão da polícia, a morte de Gaudino, que era office-boy da secretaria, foi acidental.
Segundo a versão oficial, a arma estava sobre uma escrivaninha da sala e, ao tentar pegar um refrigerante, Gaudino esbarrou no revólver que, ao se chocar com o chão, disparou, atingindo-o no peito. Gaudino morreu na hora.
O curador da Infância e Adolescência de Maceió, promotor Sérgio Jucá, requereu informações sobre o caso. O curador quer detalhes da perícia para confrontar com as informações do acidente divulgadas ontem.
A cúpula da Secretaria da Segurança não estava no prédio no momento da morte de Gaudino.
O secretário e assessores estavam no enterro do delegado Tito Cavalcante, morto na tarde de anteontem vítima de câncer.
No andar do gabinete só estavam, segundo a delegada de menores de Maceió, Aureni Moreno, o chefe de gabinete e o agente Almeida, responsável pela arma que matou o adolescente.
"Tudo não passou de um acidente lamentável", disse o secretário. Ao saber do crime, ainda no velório, Amaral determinou abertura de inquérito para investigar o caso, apesar de ter dito que acreditava no depoimento de sua equipe.
Gaudino era menino de rua até ser incluído, há quatro anos, em um programa do Estado para amparar menores carentes. O programa é coordenado pela primeira-dama do Estado, Luzia Suruagy.
Assim que soube da morte do Gaudino, Luzia convocou a família dele e fez com que o Estado se responsabilizasse pelo enterro.
Gaudino foi enterrado às 17h, no Cemitério Municipal de Maceió, com a presença de Amaral.
Tráfico
Operação da Polícia Civil de Alagoas encerrada ontem terminou com seis acusados de tráfico de maconha mortos e com a prisão de oito suspeitos de participar de uma quadrilha em Maceió.
Entre os mortos estão Rogério Lisboa, 17, e Gilmar dos Santos, 17. Segundo laudo do Instituto Médico Legal, Lisboa morreu com oito tiros, sendo quatro no rosto, e Santos, com seis, três no rosto.
O número de tiros com os quais os jovens foram mortos levou o procurador da Infância e Adolescência de Maceió a pedir informações à Secretaria da Segurança.
Para o secretário, não houve arbitrariedade, pois os jovens teriam recebido a polícia a balas.

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