São Paulo, sábado, 23 de setembro de 1995
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BC prepara ajuda a bancos pequenos

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O Banco Central prepara medidas que podem acabar fazendo com que os grandes bancos emprestem aos pequenos. O presidente do BC, Gustavo Loyola, disse ontem que a instituição prepara algumas medidas para melhorar o fluxo de dinheiro dentro do sistema financeiro.
Após a intervenção no Banco Econômico, houve crise de credibilidade e a concentração do dinheiro em grandes instituições.
Loyola renovou apelo em almoço com dirigentes financeiros, em São Paulo, promovido pela Adeval -associação que reúne distribuidoras de valores-, para que os bancos procurem manter o fluxo de dinheiro no sistema financeiro por meio de negócios entre si.
O presidente do BC defendeu o fim da contribuição de 0,75% do PIS (Programa de Integração Social) nas operações entre bancos.
"Sou favorável ao fim do PIS nas operações interbancárias. É um inibidor do livre fluxo do dinheiro. Isso não depende só do BC mas também de parecer da Receita Federal", disse Loyola.
O número de operações entre os bancos superava 10 mil ao dia em 1994. O estabelecimento do PIS no início do ano fez com que houvesse queda gradual nos negócios até chegar a menos de mil, no momento, disse o presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Maurício Schulman.
O Banco Central estuda ainda o término da "zeragem" automática -o mecanismo que permite que bancos com sobra de caixa no final do dia emprestem ao BC, recebendo juros. "É mais uma idéia em estudo", disse Loyola.
Se a zeragem automática acabar, os bancos com dinheiro terão que emprestar para os que não têm, para que o dinheiro em caixa não fique sem render juros. Isso ajudaria a resolver problemas de caixa em instituição menores, explicou Schulman.
No momento, os grandes bancos não emprestam para os pequenos, pois têm certeza de que ao final do dia os recursos que sobram em seus caixas serão destinados para a compra de títulos do BC.
Loyola aproveitou a reunião com dirigentes financeiros para reiterar que as instituições têm o compromisso de fazer com que o dinheiro flua no mercado.
O presidente do BC disse que os bancos devem sofrer ajustes para se adaptarem a um cenário de queda na receita decorrente da inflação, mas a adequação deve ser de maneira ordenada, sem traumas.
Loyola disse que outra maneira de garantir o maior fluxo de dinheiro no sistema financeiro será o seguro de depósito. O seguro dará garantia aos correntistas no valor de até R$ 12 mil, segundo proposta da Febraban. Loyola acha que R$ 12 mil é pouco. Para ele, o seguro de depósito deveria garantir pelo menos R$ 20 mil. O BC e a Febraban voltam a discutir o valor do seguro de depósito na próxima semana.

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