São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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Novo método detecta vírus que provoca lesões genitais

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um novo método capaz de detectar com precisão a presença do vírus HPV -causador de "verrugas" genitais em mulheres e lesões que podem levar ao câncer de colo de útero- está sendo utilizado no Brasil há seis meses.
O teste -conhecido como PCR (reação de polimerização em cadeia)- identifica o material genético do vírus nas células da mucosa (tecido de revestimento interno) da região genital.
As células são colhidas através de um "raspado" e colocadas em um aparelho programado para localizar especificamente o DNA (material genético) do HPV. Esse DNA é, então, amplificado ("copiado" milhares de vezes).
A segunda etapa do teste (eletroforese) funciona como uma "fotografia" desse DNA, capaz de revelar qual subtipo do vírus HPV está presente nas células.
Luisa Lina Villa, pesquisadora do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, diz que existem cerca de 75 subtipos do vírus, dos quais 30 têm o potencial de invadir a mucosa genital.
Alguns subtipos são de baixo risco e causam, em geral, as verrugas genitais (condilomas ou "cristas de galo"). Outros são mais agressivos e podem levar ao aparecimento de lesões que evoluem para um câncer.
Segundo Luisa, um amplo estudo com a técnica de PCR encontrou material genético do vírus HPV em 90% dos casos de câncer de colo de útero.
Francisco Ricardo Gualda Coelho, ginecologista do Hospital A. C. Camargo, da Fundação Antônio Prudente, explica que a principal utilidade do método é complementar outros exames ginecológicos, confirmando a presença do vírus e orientando quanto ao tipo de tratamento a mulher deve fazer.
Uma vez por ano, toda mulher deve se submeter ao exame de citologia oncótica (papanicolau). O ginecologista colhe células do colo do útero e da vagina para tentar identificar precocemente alterações que podem levar ao câncer.
Se o mesmo material colhido for enviado para uma análise com PCR, o médico poderá saber, com certeza, quando a mulher está infectada pelo vírus e qual é o subtipo que está envolvido.
Se o subtipo encontrado for de baixo risco, a paciente segue a rotina normal de acompanhamento. Se a linhagem for de alto risco, a mulher deve ser vista com mais frequência e cuidado.
Toda vez que houver uma lesão definida (não importando nesse caso qual subtipo de HPV é o responsável), ela deve ser retirada.
Os especialistas calculam que 30% das portadoras de um HPV de alto risco desenvolverão lesões precursoras do câncer de colo de útero. Quando essas lesões são tratadas a tempo, a mulher tem grande chance de se ver livre de um câncer e de cirurgias mutiladoras.

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