São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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Revolução na empresa

MARCELO CHERTO; MARCUS RIZZO

MARCELO CHERTO e MARCUS RIZZO
Um dos palestrantes do 1º Congresso Internacional da Franchising University foi o americano Fred Huggins, presidente da The Barbers, a maior rede de franquias de salões de cabeleireiro do mundo, com franquias instaladas nos Estados Unidos, na França e na Rússia. Fred deixou claro, em todas as ocasiões que lhe deram, que está louco para trazer suas franquias para o Brasil.
A primeira vez que visitamos a sede da empresa, em Minneapolis, foi há cerca de dez anos, a convite de seu fundador e, à época, presidente do Conselho, Joe Francis, um empreendedor dos bons, que começou com um salãozinho de apenas uma cadeira e, a partir daí, construiu um verdadeiro império.
Joe era um visionário e um vendedor tão bom que, lá pelas tantas, sem saber bem como nem por que, nos vimos cortando o cabelo num salão da então existente marca The Barbers, de onde saímos munidos de vários vidros de xampu da mesma marca, que os encarregados de cortar nossas jubas trataram de nos vender enquanto manejavam suas tesouras.
Naquela altura, a franqueadora coordenava três redes de franquias, com marcas diferentes: a The Barbers (para o consumidor de nível médio), a Cost Cutters (salões mais econômicos, para clientes "blue collar") e a então nascitura City Looks, de salões caros e sofisticados, para uma clientela que, naquela altura do campeonato, não estava nem aí para o preço.
De lá para cá, muita coisa mudou. Joe morreu, a gestão foi profissionalizada e a economia e a política mundiais viraram de ponta-cabeça.
Os novos gestores acabaram com a marca The Barbers, mantendo a expressão apenas na denominação social, e trouxeram a City Looks mais para a realidade dos dias bicudos que se seguiram (na verdade, fizeram um "upgrade" de um conceito e um "downgrade" do outro e fundiram os dois).
Mais importante, passaram a escolher melhor seus franqueados e tratá-los como clientes que são. E não com a combinação de prepotência e paternalismo, tão típica dos fundadores, com que os tratava nosso amigo Joe Francis.
Hoje, dos mais de 800 salões que a The Barbers coordena nos EUA, cerca de 100 são City Looks e os restantes são Cost Cutters. Dos antigos The Barbers, resta apenas uma meia dúzia. É interessante notar que os herdeiros de Joe, além de controlar a franqueadora, detêm cerca de 40 franquias da mesma.
E pagam taxa de franquia, royalties e taxa de propaganda, como qualquer outro franqueado.

MARCELO CHERTO é diretor da Cherto & Rizzo Franchising. MARCUS RIZZO é presidente do Instituto Franchising. Os dois são professores da FGV e da Franchising University e autores de livros sobre o tema.

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