São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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Ray Charles prova que a lenda está viva e ainda canta e toca muito bem

BIA ABRAMO
DA REPORTAGEM LOCAL

Diante de uma lenda viva, as tentações são duas: a reverência ou a iconoclastia. Agora, se além de lenda, o sujeito é simpático e carrega em si uma verdadeira enciclopédia da música popular negra norte-americana dos últimos 50 anos, aí fica mais fácil: a única atitude possível é mesmo a admiração e a gratidão.
Como todo "soulman" que se preza, Ray só entrou no palco depois que a sua orquestra -17 músicos espremidos no palco pequeno do Bourbon-, esquentou o público com três temas instrumentais.
Ele entra amparado por um mestre de cerimônias, mas quando senta nos teclados e está diante do microfone, nada em sua atitude sugere insegurança. Ali ele é "the genius".
A voz roufenha e doce interpreta blues, rhythm'n'blues e soul com a marca Ray Charles, algo entre a espiritualidade do gospel e a sensualidade do blues.
Capaz de incendiar a platéia com sua animação, quando canta rhythm'n'blues envenenados, e de emocionar com músicas carregadas de paixão e tristeza, ele ainda é um showman como poucos.
No fim, já na madrugada de sábado, dia 23, um bolo e "Happy Birthday to You" cantado pela orquestra backings e público: era o aniversário de 65 anos de Ray Charles.

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