São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995 |
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Toledo relança seus 'discos' tropicalistas
MARA GAMA
Artista: Amélia Toledo Quando: amanhã, a partir das 21h Onde: Galeria São Paulo (r. Estados Unidos, 1.454, Jardins) É impossível não querer brincar. O convite ao toque é a primeira qualidade dos coloridos "moving fields" que a artista plástica Amélia Toledo relança amanhã, na Galeria São Paulo, a partir das 21h. Nascidos na década de 60 em formato de discos, os "moving fields" são hoje produzidos em duas formas -oval e circular- com a mesma estrutura: placas feitas em pvc flexível, com um lado branco e outro transparente e uma espuma líquida por dentro. Doze cores estão em produção. Com a pressão dos dedos, o líquido se movimenta dentro da almofada plástica e as pequenas bolhas da espuma formam imagens que sugerem um rendilhado. A "razão social" dos "moving fields" é servir de jogo americano ou porta-copos. Mas Amélia confere a eles mais que utilidade. "É preciso que as pessoas aprendam a brincar. Nos discos, como em outras produções, quero fornecer fontes e campos de energia", diz. "Os 'moving fields' são objetos sem ironia. São alegres." Foi a exposição "Caminhos para Olhar", comemorativa aos seus 40 anos de arte, no Masp, em 1993, que mostrou à artista a atualidade de seus "discos táteis". Começou a nascer a idéia de produzi-los novamente. Com a formação da Tria -sociedade com o filho Moacyr e a nora Ana Lucia Guimarães- Amélia resolveu pôr em prática a idéia. Pesquisando novas cores e redimensionando os discos para adaptá-los ao padrão de tamanho das mesas atuais, a Tria chegou aos novos "moving fields" ovais. A produção inicial dessa nova safra é de 5 mil exemplares. O pvc é mais flexível que o dos discos antigos. Amélia não revela a composição da espuma líquida que aperfeiçoou, mas garante que suportam pratos quentes. Cada placa oval vai custar cerca de R$ 25 nas lojas e o jogo com seis porta-copos sairá por R$ 30. Os "moving fields" foram gerados lentamente. O primeiro "sinal" ocorreu à Amélia em 1967, no meio de um congestionamento na rua Augusta. "Estávamos em plena ditadura, e eu já estava cansada da pressão, do aspecto destrutivo do engajamento político. Foi quando vi um homem vendendo bolhas de sabão numa esquina e pensei em usá-las para propor uma atitude mais positiva, que incorporasse a idéia da brincadeira". No táxi, Amélia começou a imaginar o que seria depois o "Glu Glu" -um objeto formado por duas esferas de vidro com uma espuma líquida vermelha dentro. O "Glu Glu" não foi produzido em larga escala. Mas sua idéia central foi utilizada nos "moving fields", que viraram múltiplos -objetos de arte reproduzidos em escala industrial. Multiplicar um objeto lúdico que entre no cotidiano e lentamente alargue a sensibilidade artística das pessoas é o objetivo de Amélia com os seus objetos coloridos. "Em 1968, eu ouvia 'Alegria Alegria', de Caetano, e me identificava com o desprendimento do tropicalismo. A bolha de sabão é a imagem disso. Ainda hoje, as pessoas têm mais é que fazer bolhas de sabão, aprender a brincar". ONDE ENCONTRAR: Interdesign (al. Lorena, 1.647, Jardins); Benedix (pça Benedito Calixto, 100, Pinheiros); Augôsto Augusta (r. Augusta, 2.161, Jardins) e Sign (shopping D & D) Texto Anterior: Woody Allen e Diane Keaton têm notável reencontro Próximo Texto: Festival de Brasília tem inscrições até outubro Índice |
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