São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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Israel e OLP conseguem acordo sobre a Cisjordânia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) acertaram ontem as condições para a retirada das tropas israelenses de 456 cidades da Cisjordânia após 28 anos de ocupação.
O novo acordo de paz será assinado em Washington, na Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, nesta quinta-feira, após aprovação pelos ministérios de Israel e do governo palestino provisório da Cisjordânia.
Além de pôr fim à ocupação das principais cidades da Cisjordânia, o novo documento estipula as condições para as primeiras eleições de autoridades que constituirão o futuro Estado da Palestina.
O presidente Bill Clinton, considerado patrocinador do entendimento entre Israel e OLP, disse na base aérea de Andrews, em Washington, que o acordo de ontem é uma vitória sobre os que usam o terror para tentar adiar a paz.
A retirada das tropas de Israel das regiões urbanas da Cisjordânia foi acertada com um ano de atraso em relação ao cronograma estabelecido em setembro de 1993 no primeiro acordo de paz entre as duas partes.
Até os últimos momentos das 80 horas de reuniões entre o chanceler de Israel, Shimon Peres, e o líder da OLP, Iasser Arafat, parecia improvável que as duas partes chegassem a um consenso.
Arafat deixou as conversações de forma intempestiva na manhã de ontem, após ter trocado gritos em discussão com Peres sobre como as forças policiais palestinas vão se mobilizar na Cisjordânia.
Como primeira demonstração das dificuldades para a implementação do acordo, houve confrontos entre palestinos e israelenses em Hebron e Nablus depois de seu anúncio. Em Nablus, um palestino morreu.
O acordo prevê a retirada dos soldados de Israel das cidades da Cisjordânia, inclusive Belém, Jenin, Nablus e Ramallah. Mas eles permanecerão em Hebron e nas áreas rurais até pelo menos 1996.
Na Cisjordânia vivem 140 mil colonos judeus em 128 fazendas. A situação mais explosiva é em Hebron, onde 450 judeus moram entre 100 mil palestinos.
O acordo não prevê nem a retirada nem o desarmamento dos colonos judeus.
Os 12 mil policiais palestinos encarregados de manter a ordem pública nas regiões urbanas não terão poder sobre os colonos judeus.
Líderes dos colonos judeus incitaram soldados de Israel a se insubordinar contra a retirada e prometeram ignorar ordens das patrulhas de policiais israelenses e palestinos que cuidarão de sua segurança.
Desde a assinatura do acordo de 1993, pelo menos 130 israelenses morreram em atentados terroristas.
A retirada das tropas de Israel deve ser completada até o final do ano. Os palestinos querem realizar eleições legislativas em 20 de janeiro de 1996. Eles terão controle total sobre 30% da Cisjordânia.
O acordo estabelece que Israel libertará 5.000 prisioneiros políticos palestinos e que a OLP vai retirar de seus estatutos as cláusulas que defendem a destruição do Estado israelense.

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