São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995 |
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Frutas importadas invadem as gôndolas
JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
A estabilidade da moeda, a desvalorização do dólar frente ao real e o aumento da produção mundial de frutas, como o kiwi, são os fatores que puxaram a importação, segundo o mercado. Dados da Ceagesp (Central de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo) mostram que as vendas de frutas importadas em São Paulo somaram 146 mil toneladas de janeiro a agosto, no valor de R$ 241,9 milhões. Os números representam, respectivamente, acréscimos de 122% e 218% sobre igual período do ano passado. O crescimento da entrada de frutas estrangeiras provocou uma redução na comercialização do produto nacional. Nos primeiro sete meses do ano, foram vendidas na Ceagesp 747,5 mil t de fruta nacional, 4,4% a menos que no mesmo período de 1994. "O consumidor está preferindo a fruta importada, de melhor qualidade, por causa do maior poder aquisitivo", diz Moacir Costa, dono da Frutícola Aidar, uma importadora de São Paulo. Para ele, a fruta brasileira precisa ser ofertada em maior quantidade e melhor qualidade, a fim de competir com a importada. Os negócios da Rinaldi e Magalhães, escritório do Rio de Janeiro que representa no Brasil empresas exportadoras do Chile, Argentina e Europa, aumentaram perto de 70% este ano em relação a 94. Roberto Rinaldi, um dos sócios do escritório, diz que muitos pequenos e médios comerciantes se motivaram a importar frutas a partir do segundo semestre de 94. Pêra, maçã, kiwi, ameixa e nectarina são as frutas mais importadas pelo país. Praticamente dobraram as vendas de pêra, de 29,2 mil t para 60,5 mil t, e de maçã, de 22,9 mil t para 47,8 mil t. Favorecidas pela superprodução do Chile, as vendas de kiwi pularam de 2.558 t para 7.966 t. Outro indicador do aquecimento do mercado de frutas foi o crescimento de 20% das vendas de frutas nos 163 supermercados da rede Pão de Açúcar entre janeiro e agosto, em comparação com o mesmo período de 94. Sem fornecer números, o Pão de Açúcar informa que nos últimos 12 meses a rede aumentou as compras de frutas importadas, principalmente as do Mercosul e dos EUA. Em volume, a rede vende mais frutas nacionais que importadas. Mas o faturamento é maior com o produto do exterior. Enquanto as importações aumentaram, as exportações de frutas frescas despencaram no primeiro semestre, com quedas de 30,1% e 44% na receita e no volume, respectivamente, sobre o mesmo período do ano passado. Suas exportações somaram US$ 4,8 milhões, com redução de 68%. Próximo Texto: Impostos atrapalham Índice |
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