São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Estudo analisa educação dos judeus ortodoxos

DA REPORTAGEM LOCAL

A dissertação "A Educação Religiosa Ortodoxa Judaica" traz elementos importantes para se compreender porque a comunidade judaica tem se colocado contra a implantação do ensino religioso na rede pública de São Paulo.
Um dos principais argumentos usados nesse debate -defendido, por exemplo, pelo rabino Henry Sobel- é que "os professores deveriam ser dotados de um altíssimo grau de sensibilidade e equilíbrio, para que não impusessem, nem subliminarmente, sua linha religiosa" -o que, para Sobel, não é o caso da rede pública.
A economista Claudia Malbergier, 33, mostra em sua tese de mestrado na USP que o professor de uma escola ortodoxa judaica chega a ser classificado como "anjo" e "estrela".
A tese traz, inclusive, citação segundo a qual "o professor pisa em almas".
"O professor judaico precisa ter uma formação muito sólida, ter uma coerência entre o que está sendo ensinado e a sua vida, e esse tipo de coisa não dá para passar em pouco tempo a um professor da rede pública", diz Claudia.
Mas, para ela, o que mais chamou a atenção em seu trabalho de pesquisa foi o aparente paradoxo entre o ensino religioso -por natureza dogmático- e sua prática nas escolas ortodoxas judaicas.
O próprio Talmude -um dos principais livros estudados pelos judeus- é uma reunião de interpretações das leis divinas feita por rabinos, com posições às vezes divergentes.
"O estudo não se limita à mera aceitação e reprodução de dogmas religiosos, mas admite, desenvolve e por fim até exige uma aguçada capacidade de duvidar, indagar, comparar, buscar contradições e estabelecer relações", escreve.
A pesquisa cobriu três escolas judaicas paulistas.

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