São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Jogador da seleção ganha R$ 200,00

MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

A convocação quase exclusiva de nascidos a partir de 1973 e o veto de clubes à liberação de alguns atletas provocou a ascensão de dois jogadores quase anônimos à seleção que amanhã enfrenta a Romênia em Belo Horizonte.
O lateral-direito Alcir, 17, ganha R$ 200,00 de salário mensal no Atlético (MG). Começou o Campeonato Brasileiro como titular de seu clube, foi para a reserva e há pouco voltou a jogar.
O zagueiro Carlinhos, 20, recebe mais no Guarani (SP): R$ 1.100,00 mensais. Mantido na reserva durante todo o campeonato, tornou-se titular no último domingo. Curiosamente, cinco dias após sua convocação para a seleção.
Entre os 17 nomes da lista final de convocados, 16 nasceram a partir de 1º de janeiro de 1973.
Têm idade para participar do torneio em que, de fevereiro a março, o Brasil tentará se classificar para a Olimpíada de Atlanta.
O meia-atacante Edílson, 25, foi o único convocado com idade superior ao limite. Ele jogará na função de Juninho, ligando o meio-campo ao ataque.
Apesar de ser uma equipe quase pré-olímpica, o amistoso de amanhã será registrado como da seleção principal na estatística da Confederação Brasileira de Futebol.
Caso contrário, a entidade ganharia menos dinheiro com a venda dos direitos de transmissão pela TV, de placas publicitárias etc.
A medir pela recepção à maioria da delegação em Belo Horizonte, o público será um fracasso. Não havia nenhum torcedor à espera da equipe no aeroporto.
"Nem parece que haverá jogo da seleção", disse o supervisor Américo Faria.
Muitos jogadores chegaram separados, vindos de várias cidades do país onde jogaram no domingo.
O técnico Zagallo reagiu às críticas: "Ninguém nasce craque, famoso e com prestígio", disse. "Todos os jogadores chamados atuam em grandes clubes."

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