São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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MAM reabre como museu 'interativo'

MARA GAMA
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA

Depois de uma reforma de quatro meses, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) reabre dia 24 de outubro como museu interativo -com sistema multimídia de acesso a banco de dados eletrônico e ateliês abertos ao público.
Com uma autorização especial da Prefeitura de São Paulo, as obras de reforma do museu, que começaram em 20 de junho e já estouraram o primeiro prazo de entrega -10 de outubro- estão sendo tocadas dia e noite desde 6 de agosto.
Reformado com o cuidado de preservar o projeto de 1982 de Lina Bo Bardi, o MAM terá aumentado o espaço de uso da marquise do Ibirapuera com um novo ateliê. Foi criada também uma bolha de vidro sobre o café do museu para garantir iluminação natural nessa área.
Com sala, auditório e sistemas de iluminação e segurança novos, o MAM inaugura em outubro a versão 95 de seu tradicional "Panorama da Arte Brasileira", com 25 artistas e a curadoria do historiador Ivo Mesquita, abre uma minimostra do acervo do museu em uma nova sala e conta sua história em livro (leia texto nesta página).
"Queremos ter um museu que possa ser usado pelas pessoas que frequentam o parque Ibirapuera. O sistema de multimídia permite que o acervo seja pesquisado pelos usuários", diz Milu Vilella, presidente do MAM.
Um terminal vai ligar o museu ao banco de dados do Instituto Cultural Itaú, que tem informações sobre fotografia, pintura e literatura brasileira.
"O novo MAM vai melhorar sua competitividade no conjunto dos museus da América Latina", afirma Vilella. Competitividade, no caso, quer dizer estar dentro dos padrões internacionais de segurança e conservação das obras.
"Com um sistema interno de TV, melhoramos nossa segurança, que é um fator importante para que os curadores de mostras internacionais permitam que seus acervos venham ao país. O museu fica apto a receber grandes mostras", diz.
A primeira grande mostra internacional do museu é a de óleos e desenhos de Miró, que passa primeiro pelo Rio e chega a São Paulo em janeiro de 1996.
"O museu passou por uma reforma física e outra de mentalidade", diz Vilella. Na "reforma física" foram consumidos R$ 2,5 milhões, obtidos com doações de empresas.
"Resolvemos problemas de infiltração na laje de concreto, a queima excessiva de lâmpadas e, principalmente, o problema da reserva técnica do museu, com a criação de uma sala para depósito", diz Vilella.
O museu terá aumentado o espaço de exposições e um novo auditório com 182 lugares, com capacidade de abrigar uma pequeno grupo de câmara.
O auditório vai ter equipamento para projeção de filmes em 35 mm, videolaser, vídeo com equipamento de reprodução de fitas em formato beta e VHS e telões. O projeto de áudio e vídeo custou R$ 300 mil.
A "reforma de mentalidade" do museu, segundo sua presidente, se refere ao novo sistema de captação de recursos.
O MAM é administrado por uma sociedade sem fins lucrativos. A partir da reforma, se espera que entrem recursos com o aluguel do auditório, arrendamento do café do museu, porcentagem em eventos que usem o espaço de exposições, cursos para empresas e workshops. O próprio MAM vai passar a gerir a lojinha do museu, que terá objetos com a grife MAM, artesanato e design brasileiros e vai revender objetos de papelaria do MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York.
O sistema de filiação também muda. As taxas mensais para ser "amigo" do museu vão variar entre R$ 50 e R$ 100. Os conselheiros passam a contribuir com mensalidades de R$ 100 a R$ 300.
Um ateliê com janelões para a marquise do Ibirapuera será aberto aos visitantes do parque. É a "interatividade" não-eletrônica do museu.

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