São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Terrorismo de papel

MARIA ERCILIA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Qualquer um que tiver um pouco de dinheiro pode publicar alguma coisa, ou distribuir na Internet, mas o que ele tem a dizer será soterrado pelo vasto volume de material da mídia, portanto não terá efeito prático."
Palavras do Unabomber. O texto integral do seu manifesto era o típico documento que algum anônimo difundiria na Internet, antes mesmo de chegar aos jornais. Isso não aconteceu, embora mais de 70 cópias dele estivessem na mão de jornais e de professores universitários há algum tempo.
Parte da explicação para isso está nas páginas da "HotWired" (http://www.hotwired.com). Um jornalista conta ali como tentou por três semanas obter o texto de jornais e de professores que possuíam uma cópia para colocar na rede. Todos tinham medo de uma retaliação do Unabomber, que tinha dado instruções precisas sobre onde e como queria ver seu texto publicado.
O Unabomber conseguiu o que hoje parece impossível: controle total, mesmo que temporário, sobre os meios de comunicação. Tornou literal aquela expressão americana, "media bomb". Metade do fascínio que ele desperta deve ser por conta disso.
Mas há um caso de amor e ódio entre esse maluco e a Internet, que é um dos melhores símbolos do mundo que ele gostaria de ver destruído. Seus atos e palavras são discutidos exaustivamente em vários cantos da rede. E no dia em que seu manifesto saiu no "Washington Post", já havia interneteiros colocando suas palavras on line.
Entre os primeiros endereços que colocaram o manifesto na Internet está o ftp.ai.mit.edu/pub/users/misc/unabomber. O Unabomber Information Center (http://pages/prodigy.com/CA/gvm68e/home.html) reúne uma quantidade de informação de várias fontes.
O Pathfinder (http://www.pathfinder.com) dedicou toda uma área ao manifesto, artigos sobre ele e reportagens sobre o trabalho do FBI. Há também um grupo na Usenet chamado alt.fan.unabomber.
Netscape
E não é que quebraram o código de segurança do Netscape mais uma vez? Essa história já está ficando repetitiva. Dessa vez foram dois estudantes da Califórnia. Ao contrário do francês que rompeu a segurança do programa pela primeira vez, eles não precisaram de 120 computadores.
A Netscape está preocupada. Divulgou um release dizendo que o problema não é tão sério e será corrigido logo.
Já faz quase um ano que o Netscape é usado para transações, inclusive bancárias, na Internet. O Wells Fargo, um banco californiano, suspendeu todas as transações na semana passada, por causa do problema.
Um consórcio formado pela empresa BBN, pela Sun e pelo Bank One, entre outras companias, trabalha nas especificações de um cheque eletrônico. O consórcio aproveitou para defender seu modelo depois que o Netscape teve sua segurança posta em dúvida.
O cheque eletrônico, ao contrário do cartão de crédito, exige que um terceiro o autentique. Uma empresa -no caso a BBN- ficaria responsável pelos "certificados digitais".

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