São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Diplomatas reclamam de gastos da ONU

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A defesa de cortes nos gastos e diminuição da burocracia interna da ONU deram a tônica dos discursos de abertura da 50ª Assembléia Geral das Nações Unidas, ontem pela manhã, em Nova York (EUA).
Como é de praxe, o Brasil foi o país encarregado de fazer a abertura oficial da Assembléia.
Em seu discurso, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Felipe Lampreia, disse que a ONU "está limitada por sua estrutura" e que é necessário uma avaliação das atuais deficiências para traçar a rota da entidade para os próximos 50 anos.
Mas foi o secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, quem fez críticas mais severas à organização.
Christopher afirmou que a ONU precisa passar por mudanças administrativas urgentes para atender a sua real finalidade.
"Não tem sentido a ONU gastar boa parte de seu orçamento apenas para manter a burocracia funcionando. Nossa maior preocupação tem que ser com as pessoas reais, que vivem no mundo real."
Segundo Christopher, por causa da "inércia burocrática" da ONU, milhares de dólares são desperdiçados a cada ano.
"E quem paga por isso são as pessoas mais vulneráveis, que vivem em países em guerra e que realmente precisam da ONU", afirmou o secretário.
A solução para que o dinheiro da ONU seja melhor aplicado, na opinião de Christopher, é eliminar os órgãos e programas que cumprem as mesmas funções.
"Há vários programas cujos objetivos finais já foram atingidos e que, por isso mesmo, não precisam continuar existindo."
Apesar de defender mudanças urgentes na ONU, Christopher afirmou que o órgão é vital para muita gente e tem que continuar existindo.
"Já ouvi comentários de que a burocracia fez com que a ONU virasse um órgão sem rosto. Mas tenho certeza de que, para as pessoas que vivem em países onde as Nações Unidas mantêm missões de paz, o organismo tem um rosto, sim."
Bósnia
Depois de discursar na abertura da 50ª Assembléia, Christopher foi para o hotel Waldorf-Astoria, encontrar-se com os chanceleres da Bósnia, Croácia e Sérvia.
O encontro foi informal e, segundo a assessoria de Christopher, serviu para quebrar o gelo das reuniões formais que começam hoje.
É a primeira vez que as negociações para tentativa de paz na ex-Iugoslávia reúnem em território norte-americano os três ministros.
Christopher disse em seu discurso na ONU que estava otimista para o encontro de hoje.
Ele afirmou que fará tudo o que estiver a seu alcance para que as negociações tragam "os resultados que todos estão esperando".

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