São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Exército formaliza saída de adido em Londres

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério do Exército formalizou ontem o afastamento definitivo do coronel Armando Avólio Filho -acusado de ter sido torturador- do posto de adido militar em Londres. Em uma nota curta à imprensa, o Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército) anunciou a decisão.
O Exército insistia que o coronel Avólio, que está no Brasil há três semanas, retornasse a Londres, alegando que ele cumpria ordens e que a Lei da Anistia, de 1979, o havia liberado de julgamentos posteriores. O Ministério das Relações Exteriores, por sua vez, pressionava para que o militar ficasse no Brasil.
O coronel Avólio foi citado duas vezes no livro "Brasil Nunca Mais", do grupo Tortura Nunca Mais, como tendo participado de torturas quando serviu como tenente no 1º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca, no Rio.
Avólio foi nomeado para o posto em Londres pelo ex-presidente Itamar Franco em maio de 94. Em maio deste ano, o jornal londrino "The Guardian" publicou a denúncia de que um ex-torturador ocupava cargo de destaque na Embaixada brasileira.
Logo em seguida, o grupo Anistia Internacional pediu que FHC afastasse o adido. O porta-voz do Partido Trabalhista britânico, Tony Lloyd, encaminhou ao Itamaraty um pedido formal de explicações sobre o caso.
Diante da pressão internacional, FHC chamou o ministro do Exército, Zenildo de Lucena, e afirmou que manter Avólio em Londres era provocar um desgaste internacional desnecessário -e decidiu antecipar a sua volta. Inicialmente, Avólio ficaria no cargo até maio do ano que vem. Ele será substituído pelo coronel de infantaria Urano Teixeira de Mattos Bacelar.

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