São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Rapaz acusa loja em AL de racismo

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

O assistente-administrativo Carlos Alberto da Silva, 31, disse ter sofrido discriminação racial no shopping Iguatemi de Maceió (AL) por ser negro.
Ele afirmou que seus advogados entrarão na Justiça com um processo por danos morais contra a dona da loja The Fords, que fica no shopping.
Segundo ele, a dona da loja, Marcela Pedroso, chamou-o de "negrão mal-encarado" em um diálogo com uma das vendedoras, Karine, 21, amiga de Silva.
O empresário Edvar Pedroso, pai de Marcela, nega. "Não houve preconceito. O rapaz está querendo se promover em cima do episódio." Marcela não quis falar com a Agência Folha por telefone.
Silva afirmou que, na sexta passada, foi até a loja na companhia de um amigo -branco- para falar com Karine.
Enquanto conversavam com a vendedora, entrou uma cliente na loja. Logo em seguida, também chegou a proprietária.
Marcela Pedroso teria pedido para que a conversa fosse interrompida e sugeriu que os dois rapazes procurassem Karine fora do horário de serviço.
Segundo Silva, sua amiga foi atender a cliente e os dois resolveram deixar a loja sem se despedir da vendedora. Quando terminou de atender a cliente, a vendedora perguntou à proprietária da loja por que pediu para os rapazes deixarem a loja.
"Se eu me assustei com um negrão mal-encarado daquele, imagine a cliente", teria dito a empresária, segundo a vendedora Karine, que falou ontem com a Agência Folha e não quis dar o sobrenome.
A vendedora disse ter telefonado para Silva para contar que ela (Marcela) o havia ofendido.
O pai da empresária disse que a filha pediu para os dois rapazes deixarem a loja "porque dois desconhecidos, vestidos de bermuda, estavam debruçados sobre o balcão". "Foi um pedido gentil. Não houve nenhuma confusão", disse.
O gerente de marketing do shopping, Milton Pradines, disse que o caso é uma "tempestade em copo d'água". "Onde está o racismo?" O rapaz não foi impedido de entrar no shopping, não foi agredido. O que existe é um disse-que-disse."

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