São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
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PAS começa sem médicos e 1 morre

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PAS, Plano de Atendimento à Saúde da Prefeitura de São Paulo, começou a funcionar na noite de anteontem com falta de médicos. Quatro horas depois de implantado, às 23h05 do domingo, o cirurgião Claudio Anastácio registrou um boletim de ocorrência no 87º Distrito Policial informando que não havia médico no hospital de Pirituba (zona norte). Esse é o primeiro hospital a integrar o PAS.
Anastácio era o único plantonista presente associado ao PAS (leia texto abaixo). No plantão deveriam estar 14 médicos. Além do cirurgião, estavam uma anestesista do hospital e três pediatras contratados só para aquela noite. Na manhã de ontem, um paciente ferido a bala não pôde ser transferido para o hospital do Mandaqui por falta de médico para acompanhá-lo. Morreu três horas depois.
A informação consta da ficha de atendimento preenchida pelo cirurgião Anastácio. A vítima, Raimundo Pereira Macedo, 31, deu entrada às 6h41 e o pedido de remoção foi feito às 8h10.
A grande maioria dos médicos e funcionários do hospital de Pirituba não aderiu ao PAS. Por causa disso, estão sendo transferidos para outras unidades. Para compensar a ausência de médicos no plantão inaugural de ontem, os próprios diretores da cooperativa foram ao hospital pela manhã.
Na tarde de ontem, segundo cálculo de funcionários, havia sete médicos atendendo, entre eles o diretor Elcio Kishimio Yomura. "Nunca um diretor colocou o pé num plantão de fim de ano", disse o ortopedista Décio Prado, que fazia parte da equipe de Pirituba e está sendo transferido por não aderir ao PAS.
A anestesista Marileide Barros, que também não aderiu à cooperativa, disse que o hospital estava oferecendo até cinco vezes mais para médicos de outras unidades comparecerem ao plantão. Ontem, o clima era tenso entre os funcionários. Seguranças impediam a entrada de jornalistas e a recepção informava que os diretores não falariam com a imprensa.
Familiares disseram que alguns funcionários -supostamente descontentes com o PAS- estavam atendendo mal os pacientes. "Enfermeiras disseram para minha vó que não serviriam comida nem dariam os remédios", disse Sueli Estevão Penha, 31. A avó, Sofia Tasca de Almeida, 73, morreu às 10h de ontem.

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