São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
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Antropólogo pesquisa vida de imigrantes

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O problema da imigração clandestina se estende, atualmente, dos EUA à África do Sul, da Europa ao Brasil. Mas ainda é pouco conhecida a realidade desses imigrantes, principalmente no Brasil -o que dificulta o desenvolvimento de políticas mais adequadas para lidar com essa questão.
Na busca de uma compreensão maior desse problema no país, o antropólogo Sidney Antonio da Silva desenvolveu pesquisa em São Paulo com imigrantes ilegais da Bolívia (leia quadro).
No caso, bolivianos que trabalham como costureiros nos bairros centrais da cidade.
A dissertação destaca a trajetória marcada por estigmas desse grupo. "Entre esses atributos negativos (...) destacam-se os de ordem social, uma vez que são vistos como imigrantes pobres e, portanto, de 'pouca cultura', como também possíveis traficantes."
Para contornar isso, "os imigrantes apoiam-se no trabalho, no núcleo familiar, nas relações de parentesco e de apadrinhamento".
Mas o problema, diz Sidney da Silva, é que o partilhamento de uma mesma tradição cultural, de costumes e língua "não é suficiente para aglutinar esses imigrantes aqui na metrópole".
Segundo o antropólogo, isso ocorre porque "a estratégia de ascensão social adotada é de cunho individualista e egoísta -como a define Florestan Fernandes-, onde os interesses econômicos são maximizados no primeiro momento de suas trajetórias".
(FR)

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