São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
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Punição às organizadas continua em 96

ARNALDO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Neste ano as torcidas organizadas devem continuar banidas dos estádios paulistas de futebol.
O anúncio oficial será feito, nos próximos dias, pelo presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah.
Com base no relatório feito pela Comissão Permanente Antiviolência nos Estádios de Futebol, Farah decidiu manter o afastamento das uniformizadas, apesar de alguns clubes da capital serem favoráveis ao retorno delas.
"Analisando as circunstâncias, como a diminuição do número de ocorrências policiais e a volta das famílias aos estádios, nos colocamos contrários à volta das torcidas ditas organizadas", disse Marco Polo del Nero, presidente da Comissão Antiviolência e do Tribunal de Justiça Desportiva da FPF.
A comissão foi criada após a briga entre torcedores no dia 20 de agosto, no Pacaembu.
Ela ocorreu logo após a vitória do Palmeiras sobre o São Paulo na final da Supercopa São Paulo de Futebol Júnior. Um torcedor morreu, e mais cem foram feridos.
Além de Marco Polo del Nero, fazem parte da comissão o vice-presidente de Marketing do Corinthians e da FPF, Edgard Soares, Luiz Carlos Pagnota (pelo Palmeiras), Celso Feliciano de Oliveira (São Paulo), Celso do Carmo Jatene (Santos) e Orlando Cordeiro de Barros (Portuguesa).
O relatório da Comissão Antiviolência tem apoio do comandante do 2º Batalhão de Choque, responsável pelo policiamento nos estádios, tenente-coronel Carlos Alberto de Camargo.
Ele também defende o banimento das organizadas. "Temos convicção de que as medidas tomadas após o acontecimento do Pacaembu, inclusive o afastamento das organizadas, deram certo", afirmou.
"As ocorrências policiais nos estádios praticamente acabaram, e o público está retornando. Agora, não podemos retroceder, sob o risco de perdermos as conquistas", acrescentou.
Segundo Camargo, o próximo passo no combate à violência nos estádios é "legalizar as medidas, que, até agora, só são legitimadas pelo interesse público".
Algumas delas: proibição de venda de bebidas alcoólicas, uso de bafômetros e câmeras na entrada dos estádios, cadastramento de torcedores e proibição de menores desacompanhados de responsáveis.
"Queremos também penas específicas para os crimes ligados às torcidas. Vamos melhorar o policiamento móvel nos estádios e procurar estender essas medidas a outros Estados e eventos que envolvam multidões", afirmou.
Segundo o comandante do 2º Batalhão de Choque, a venda de bebidas alcoólicas está proibida também "nos grandes shows de rock em São Paulo".

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