São Paulo, quarta-feira, 3 de janeiro de 1996
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Vendas despencam pela metade depois do Natal

DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas do comércio da cidade de São Paulo caíram entre 40% e 50% logo depois do Natal. O resultado é normal para essa época do ano, mas preocupa, porque a conjuntura é recessiva, afirmou o economista Emilio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo.
O setor já esperava que as vendas não repetissem o desempenho do final de 1994, quando o Plano Real completava seis meses e as vendas continuaram fortes até a primeira quinzena de janeiro.
Ontem, a ACSP ainda não dispunha dos dados consolidados de vendas no final do ano.
Para os próximos meses, o comércio vai ficar em compasso de espera. As vendas não devem reagir se o governo não facilitar o acesso ao crediário nem reduzir as taxas de juros, afirmou Elvio Aliprandi, presidente da associação.
O balanço anual da ACSP confirma as informações publicadas pela Folha na edição de ontem: as falências requeridas cresceram 139% em 1995 sobre 1994 (248,8% em dezembro sobre igual mês do ano anterior).
O total de falências requeridas em 1995 -10.159 só na cidade de São Paulo- foi recorde, segundo a associação.
O número de falências decretadas cresceu 24,8% no ano e 100% em dezembro. Com as concordatas, os requerimentos aumentaram 227,2% em 1995 e 173,3% no último mês do ano.
Houve crescimento no número de concordatas aceito pela Justiça: 113,2% no ano e 250% em dezembro. Já os títulos de pessoas físicas protestados aumentaram 130,3% em 1995 sobre 1994, mas caíram 22,4% em dezembro sobre o mesmo mês do ano anterior.
O comércio varejista de alimentos fechou dezembro de 1995 com um desempenho de vendas de 8% a 10% inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado.
A estimativa é de Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios).
O início e o final do mês foram os responsáveis por esse resultado fraco. "Vendemos pouco até o dia 20. Depois os negócios cresceram até o Natal, para caírem novamente nos últimos dias do ano", disse.
Os comerciantes já esperavam vendas fracas no fim de ano. "Como os negócios vinham caindo desde outubro, os varejistas compraram menos e, por isso, não foram pegos no contrapé com grandes estoques", afirmou Tanaka.
Omar Assaf, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados, acha que o desempenho de dezembro deve ser positivo.
"Ainda não tenho dados que confirmem minha posição, mas, sazonalmente, as vendas caem após o Natal e crescem novamente nos últimos três dias do ano."

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