São Paulo, quarta-feira, 3 de janeiro de 1996 |
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Exposição homenageia Grupo Santa Helena
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. 1º de Março, 66, Centro, tel. 021/216-0237) Quando: de hoje até 3 de abril, de terça a domingo, das 10 às 22h Quanto: entrada gratuita Uma exposição retrospectiva do grupo Santa Helena, reduto inicial da segunda geração de modernistas brasileiros, abre hoje a programação de 1996 do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), no centro do Rio. O Santa Helena, criado em São Paulo em meados dos anos 30, reuniu artistas oriundos da classe operária e da pequena burguesia das colônias italiana, espanhola e portuguesa. Mário de Andrade chamava-os de "os proletários". A principal característica dos santelenistas era levar para as telas a discussão sobre as qualidades artesanais da pintura, além de temas e cenas do cotidiano operário e suburbano. "Eles se preocupavam com a realidade circundante e a retratavam em seu trabalho", diz o curador da mostra, Mário Zanini. Desfeito o Santa Helena, cada artista seguiu trajetórias individuais. Alguns, como Volpi e Bonadei, se tornaram abstracionistas, modificando o estilo figurativo da fase inicial do grupo. "E Tremembé, Mogi das Cruzes, Embu, São Caetano, Santo André, Santos, e meu Deus!, até Itanhaém, se tornaram assunto obrigatório, o significado profundo desses homens que trabalhavam a semana inteira mas...viviam nos domingos", escreveu Mário de Andrade sobre o grupo. "Itanhaém", cidade litorânea de São Paulo, é o título de uma tela de 1939 de Volpi exibida no CCBB. A temática das peças se divide entre cenas de subúrbios, naturezas-mortas e personagens do cotidiano dos artistas. A exposição do CCBB, montada no ano passado em São Paulo, traz 105 peças dos anos 30 e 40, entre óleos, gravuras e desenhos. Os trabalhos foram cedidos por museus ou colecionadores particulares, incluindo Gilberto Chateaubriand e o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Pertence a FHC a tela "Praça da Sé", um óleo sobre madeira de 50 cm x 40 cm, pintado por Manoel Martins em 1940. O curador da mostra não quis divulgar o valor de mercado das peças. A exposição "O Grupo Santa Helena" homenageia também os pintores Ernesto de Fiori, Vittorio Gobis e Paulo Rossi Osir, que agruparam os santelenistas e os influenciaram tanto artística quanto pessoalmente. Osir foi o criador da Família Artística Paulista, grupo que revelou os santelenistas às críticas de São Paulo e do Rio. Fazem parte da exposição duas telas de Osir, duas de Fiori e duas de Gobis. Documentos, fotografias e catálogos de exposições contam a trajetória do grupo, que começou a se formar em 1935. O curador da mostra e historiador de arte, Walter Zanini, sobrinho de Mário Zanini, diz que esta é a maior exposição do grupo realizada no Brasil e vale como um tributo aos 60 anos do grupo. "O Grupo Santa Helena é a nossa segunda geração de modernistas, depois dos artistas de 22, e é pouco reconhecido. Quisemos aqui mostrar a importância do grupo e não dos artistas individualmente", afirma Zanini. A exposição "O Grupo Santa Helena" fica em cartaz no CCBB até o início de março. A entrada é franca. Não há previsão de que a mostra seja levada a outras cidades brasileiras. Texto Anterior: Tomar decisões requer coragem Próximo Texto: Sesi traz nove espetáculos gratuitos Índice |
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