São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Universal apela a FHC e abençoa políticos

DA REPORTAGEM LOCAL; DAS SUCURSAIS

Críticas à Globo ficam em 2º plano; bispo pede que presidente seja 'iluminado' para 'julgar com imparcialidade'
A "Marcha pela Paz", convocada pela Igreja Universal em desagravo contra o que classifica de perseguição, consolidou a política de não-confrontação de seus líderes com o governo federal e redução dos ataques diretos à Rede Globo.
Em São Paulo, cerca de 80 mil pessoas compareceram ao Vale do Anhagabaú. No Rio, a Universal reuniu 15 mil pessoas em caminhada entre a Candelária e a Cinelândia e, em Brasília, 5.000 fiéis foram à Esplanada dos Ministérios, conforme avaliação da PM (leia texto ao lado).
A Universal calculou os participantes em 150 mil em São Paulo e em 50 mil no Rio. Não fez avaliação em Brasília.
O maior ato foi o de São Paulo, que ocorreu de 10h20 às 13h30. O bispo Paulo Roberto Guimarães abriu a manifestação, sob chuva. Logo no início de sua fala, classificou o presidente Fernando Henrique Cardoso de homem "correto e íntegro". Pediu que fosse "iluminado por Deus" para "julgar com imparcialidade".
Na continuação de sua pregação, o bispo Paulo Roberto orou pelos ministros da Comunicação e da Justiça, por deputados, senadores e governantes do país.
O Ministério das Comunicações pode analisar a possibilidade de cassação das concessões das emissoras de TV e rádio da Universal. O Ministério da Justiça tem como subordinada a Polícia Federal, que abriu inquérito para apurar crime de sonegação fiscal, evasão de divisas e formação de quadrilha por parte de integrantes da igreja.
A política de não-confrontação com o governo foi desencadeada na quinta-feira, depois da divulgação de cobranças de bispos da Universal a políticos que ela apoiou na eleição passada, como FHC e o governador Mário Covas.
A Universal ensaiou um discurso de aproximação a partidos de esquerda, caso essas forças não a ajudassem a enfrentar as "pressões" da Rede Globo.
A cúpula da Universal analisou como errada essa estratégia de atrito com grupos políticos e decidiu mudar o discurso.
Em sua fala, o bispo Paulo Roberto fez referências indiretas à campanha que acredita ser movida pela Rede Globo. Disse que os fiéis da Universal enfrentam uma "verdadeira inquisição fria". Logo depois, convocou os participantes a cantar o Hino Nacional.
As manifestações de São Paulo, Rio e Brasília foram transmitidas pela Rede Record e por rádios pertencentes à Universal em todo o país. Nas três cidades, havia muitos cartazes contra a Globo. Pela TV, o bispo Ronaldo Didini, atribuía as faixas aos "ânimos exaltados", tentava evitar críticas diretas à Globo e elogiava seguidamente FHC e o governo federal.
O padre Marcus Antônio Zanon -que se identificou pároco de uma igreja na Vila Formosa- e o rabino Mário Najmanovich, da Congregação Israelita Beit Shalom, compareceram ao ato.
O incidente mais sério ocorreu em Brasília. Os seguranças não deixaram que os jornalistas subissem ao palco montado para os pastores. Houve discussão com fiéis próximos e troca de empurrões.

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