São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Dívida externa brasileira cresce desde 1989

DA REPORTAGEM LOCAL

A dívida externa brasileira total atingiu valores que podem ser considerados recordes no ano passado. Em agosto, ela chegou a US$ 151,7 bilhões.
Tido pelo governo brasileiro como um problema do passado, a dívida externa cresce regularmente desde 1989. Nesse ano, o Brasil devia ao exterior US$ 115,5 bilhões. Comparado à dívida em agosto, o crescimento registrado foi de 31,4% no período.
O dinheiro entra basicamente por meio da captação feita por bancos, ou seja, é o setor privado que se endivida.
O endividamento do setor privado da economia brasileira passou de US$ 16,9 bilhões, em 1989, para US$ 43,2 bilhões -crescimento de 115,6%.
Em parcela considerável dos casos, são papéis lançados que pagam ao investidor internacional juros maiores do que os praticados no mercado.
Esses investidores são basicamente fundos de pensão, que procuram diversificar suas carteiras de aplicações.
A partir da crise de credibilidade que atingiu a economia mexicana no final de 1994, os bancos brasileiros precisaram pagar mais para continuar atraindo esses investidores.
Já o governo brasileiro se endividou pouco nos últimos anos. De 89 para cá, a dívida pública no exterior cresceu de US$ 93,5 bilhões para US$ 108,4 bilhões -aumento de 10%.
Três fatores facilitam -e catalizam- a busca de recursos do exterior.
Em primeiro lugar, o fato de o país ter renegociado suas dívidas atrasadas. Hoje, os compromissos são cumpridos à risca.
Em segundo lugar, por causa dos juros pagos pelos papéis brasileiros, que são mais altos do que os de mercado, porém inferiores aos do mercado interno.
Em terceiro lugar, porque a atual política de câmbio praticada pelo Banco Central mantém praticamente fixa a paridade entre o real e o dólar. Assim, os débitos se mantêm constantes.

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