São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Nostalgia; Descrédito; Descoberta antiga; Indignação; Mais isenção; Espaço restrito; Privilégio; Boas festas

Nostalgia
"Uma nova onda nostálgica invade os nossos tempos e tem como paradigma os dourados anos 60. Os Estados Unidos, com todo o respeito de que são merecedores, agem diferente conforme a situação e suas conveniências, ou seja, têm princípios, mas nem sempre escrúpulos. A Inglaterra conservadora diplomaticamente patrocina "tours" do casal sucessor ao trono, a lady dietética e o príncipe glicosado, e relança os Beatles, que se fossem repetir o famoso show no palácio diriam: 'Os plebeus aplaudam, os outros sacudam os galhos'. A França solta rojões nucleares no quintal alheio, talvez para despertar os seus cidadãos, entretidos em decorar parreirais e se adequarem aos direitos fundamentais da população canina. A União Soviética, de ressaca, tropeça nas garrafas e tenta juntar os cacos. No Oriente Médio, os árabes e judeus começam a trocar idéias, quem sabe por terem algumas repetidas. A América Latina continua firme no seu papel de coadjuvante da história, tendo-se como novidade o avanço dos competitivos países asiáticos, à custa do trabalho semi-escravo. E o Brasil, também alcançado pela febre saudosista, continua com a mesma garota de Ipanema e vê o Botafogo ser campeão em decisão contra o Santos, favorecido por lances irregulares e com o aplauso da mídia. O senso de justiça anda meio distorcido. Parece que o futebol imita a vida. O ACM virou vítima e paladino no caso da pasta rosa. Por fim, como canta Belchior, 'os nossos ídolos ainda são os mesmos e estão em casa guardados por Deus, contando os seus metais'. SIVAMos nessa."
Leocadio Lustosa (Cascavel, PR)

Descrédito
"Sou mais um médico recém-formado, colocado no mercado de trabalho e fazendo parte dessa situação caótica que a saúde brasileira vem enfrentando. Observo a imprensa e a sociedade questionando a postura das três principais entidades representativas da classe (CRM, APM e Sindicato dos Médicos) contrárias à implantação do PAS e colocando 'em xeque' toda a categoria, que em outros tempos fora tratada de forma especial por todos. Sob meu ponto de vista, fica claro o conflito ideológico entre a prefeitura e parte significativa dessas entidades. Porém, será que não podemos observar a intenção do Poder Executivo municipal de livrar-se da responsabilidade de prestar atendimento indistintamente à população, como diz a nossa Constituição, e repassá-la às 'cooperativas médicas'? Fico em dúvida se os R$ 10 destinados a cada habitante de determinada região serão suficientes para prestar um atendimento digno, principalmente aos portadores de doenças crônicas e de tratamento mais dispendioso, já rejeitados pelos atuais convênios médicos. É constrangedor assistir a esse descrédito da população em relação a uma classe que outrora fora lembrada como modelo de honradez e abnegação."
Alfredo S. Rosmaninho (São Paulo, SP)

Descoberta antiga
"Foi com espanto e estranheza que li a reportagem 'Veneno de aranha pode gerar ereção' (25/12). A leitura sugeria a descoberta recente, realizada pelos pesquisadores da Unicamp, de um componente da toxina da 'aranha armadeira' (Phoneutria nigriventer) que produz a ereção do pênis. Trata-se, em realidade, de descoberta realizada há mais de 30 anos pelo meu pai, professor dr. Saul Schenberg, da Seção de Fisiologia do Instituto Butantan. O fracionamento dos componentes do veneno demonstrou que a eretina, tal como foi denominada pelo meu pai, é um polipeptídeo de peso molecular próximo ao da insulina. Meu pai conduziu estudos sobre essa toxina até a data de sua aposentadoria, publicando vários artigos sobre a atividade eretogênica e outras ações relevantes, como a produção de paralisia flácida e hipotensão. Outros pesquisadores, com destaque para o professor Carlos R. Diniz (UFMG), também contribuíram com estudos relevantes sobre a toxina."
Luiz Carlos Schenberg, do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Vitória, ES)

Resposta da editoria de Ciência - A reportagem noticia o estudo do veneno como possível droga contra impotência. Não afirma que a equipe da Unicamp descobriu que o veneno causa ereção.

Indignação
"O artigo do professor Paulo Nogueira Batista Junior (28/12) me deixou indignado ao saber que o governo FHC recebeu do brigadeiro da reserva sr. Ivan Frota, em carta de 14 de abril, um alerta gravíssimo caso o Brasil viesse a assinar o contrato com a Raytheon, empresa americana, para o Sivam. O Brasil foi colônia de Portugal e toda a nossa riqueza foi levada para a Europa. Será que FHC, o príncipe dos sociólogos, o político exilado, o social-democrata, fará do Brasil um cabaré dos Estados Unidos? A imprensa agora aponta suas baterias para o caso Edir Macedo. Fará com que os brasileiros, sem saúde, educação, habitação etc. etc. etc... esqueçam a lama: Sivam e pasta cor-de-rosa, para lembrarem no futuro a terrível reforma previdenciária, imposta goela abaixo dos trabalhadores brasileiros. Que Deus nos ajude."
Carlos Alberto de Carvalho, secretário-geral do Seeb -Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Uberaba e Região (Uberaba, MG)

Mais isenção
"Mestre Telê acertou: Edmundo tem cura. Apesar da má vontade de torcedores contrários, ressentidos, travestidos de analistas. Julgam-se donos da verdade. Nunca jogaram nem bola de meia. Esquecem-se até das grandes atuações de Edmundo na seleção brasileira. Quem nunca errou na vida? Mais isenção, menos paixão, gente."
Vicente Limongi Netto (Brasília, DF)

Espaço restrito
"A Folha poderia aproveitar a ocasião propícia para pensar em mudanças e rever como vem sendo utilizado o espaço do 'Painel do Leitor'. Publicar cartas de autoridades que mais se parecem com artigos é uma injustiça com o leitor comum. Nós não utilizamos o 'Tendências/Debates', o 'Opinião', que são caracterizados pela expressão de autoridades e segmentos representativos. Se esses espaços não contemplam as necessidades de uma rápida resposta por parte das autoridades, a Folha deveria criar uma nova seção para tais manifestações. O que não cabe é ver nosso espaço, que já é restrito, reduzido em grande proporção para atender essa demanda."
Marilu André (São Paulo, SP)

Privilégio
"Estava em Curitiba e, como não podia ficar sem ler a Folha, comprei um exemplar da mesma em uma banca, apesar de saber que meu exemplar de assinante estava aqui em minha casa em Foz do Iguaçu. Para minha surpresa, no exemplar adquirido na banca estava encartada a Revista da Folha, com a entrevista com a Diolinda (do MST) e principalmente com o excelente ensaio 'Mulheres apaixonadas', de Marilene Felinto. Gostaria que nós, assinantes da Folha há anos, tivéssemos o privilégio de receber a Revista da Folha também."
José Elias Aiex Neto (Foz do Iguaçu, PR)

Boas festas
A Folha retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Elvio Becheroni, Symbol International Comércio de Artes (São Paulo, SP); Marson (São Paulo, SP); Agência Efe; Elaine Cristina Viacava, coordenadora de promoções e eventos da Editora Moderna (São Paulo, SP); Igreja de Nova Vida de São Paulo (São Paulo, SP); Rabaça & Associados (Rio de Janeiro, RJ); Maria Auxiliadora Gomes de Castro, diretora da Express Business Center (São Paulo, SP); Amalia Bessa Machado, Sheraton Rio Hotel & Towers (Rio de Janeiro, RJ); Globo Cochrane Gráfica; Secretariado Diocesano de Pastoral (Chapecó, SC); Grupo Verdi (São José do Rio Preto, SP); Mitiko Ogura, Sterilair Indústria e Comércio de Aparelhos Elétricos Ltda. (São Paulo, SP).

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