São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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Refém fica 80 horas sem comer nem beber

ROBERTO DE OLIVEIRA; RITA MAGALHÃES
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Polícia Civil de Ribeirão Preto (319 km a norte de SP) determinou ontem a abertura de inquérito e sindicância para apurar a entrada de armas e drogas na Cadeia Pública de Vila Branca.
Dois presos mantêm como refém o investigador Luiz Carlos Molina, 37, desde as 15h de sexta passada, após uma tentativa de fuga frustrada da cadeia.
O inquérito foi pedido pelo delegado seccional interino de Ribeirão, Anivaldo Registro.
Molina estava sem comida e sem água por pleo menos 80 horas até as 23h de ontem.
Ele permanecia trancado sob a mira de oito armas e duas granadas que estavam em poder dos dois presos rebelados, André Ramos de Oliveira, 21, e Anderson Tadeu Teixeira, 20.
O mais longo motim com reféns aconteceu em março do ano passado, no presídio de Tremembé (135 km de SP), quando dez agentes penitenciários foram mantidos em cárcere por 94 horas.
O delegado do GER (Grupo Especial de Resgate) de São Paulo, Fábio Dalmas, 31, um dos líderes das negociações com os presos rebelados, afirmou que, desde sexta, não foi enviada comida ao local.
A instauração do inquérito foi feita seguindo determinação do delegado-geral do Estado de São Paulo, Antônio Carlos de Castro Machado, que esteve anteontem na cadeia de Ribeirão.
Os dois detentos que mantêm o investigador como refém estavam armados com pistolas automáticas, revólveres 38 e duas granadas com potência para matar pessoas num raio de 50 metros.
O policial Aloízio Antônio de Oliveira também foi rendido, mas foi libertado às 20h35 de sábado, depois que os presos concordaram em trocar um dos reféns pela liberação de uma camionete com o tanque cheio de combustível.
O delegado Registro disse que "ainda é cedo" para afirmar se a entrada de objetos está sendo facilitada ou não por algum policial.
Segundo ele, todas as alternativas de acesso de objetos à cadeia vão ser estudadas pelo delegado Adilson Massey, responsável pela investigação do caso.
Além das armas, os presidiários também tinham em seu poder um pacote de cocaína com peso estimado em 400 gramas, segundo o ex-refém Aloízio Oliveira.
Segundo o delegado regional Luiz Carlos Pires, as armas e as drogas podem ter sido lançadas pela muralha ou ter entrado por intermédio das visitas. O inquérito deve estar concluído em 60 dias.
Dalmas afirmou, às 19h30 de ontem, que as negociações estavam "evoluindo", mas que não tinha previsão para o fim do motim.

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