São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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Grampo eletrônico

MARIA ERCILIA
DA FOLHA ONLINE

A Justiça norte-americana autorizou pela primeira vez um grampeamento de correio eletrônico. O alemão Bernhard Bowitz foi preso em Nova York, acusado de vender celulares com números roubados e programados para escuta clandestina.
É mais uma história de primeiro-não-sei-quê na Internet, mas chama a atenção pela dose de hi-tech: Bowitz anunciava celulares numa página de Web. Tinha casas em Las Vegas e Hong Kong e usava o correio da Compuserve.
Como roteiro é ótimo, parece coisa de ficção científica: crime internacional envolvendo somente um imaterial tráfico de bits. O produto do roubo, sua venda e a perseguição do criminoso circularam somente por redes de computador. Quem não se saiu muito bem dessa foi a Compuserve. No mesmo mês de dezembro permitiu este grampeamento e cedeu ao pedido do governo alemão, de cancelar o acesso a grupos de discussão relacionados a sexo para seus assinantes.
A Compuserve está presente em mais de 140 países e tem uns quatro milhões de usuários, que foram todos afetados pela decisão alemã. Afirmou semana passada que vai atender solicitações desse tipo de todos os países onde está presente.
Clientes americanos estão fazendo uma campanha contra a decisão da Compuserve, bombardeando seu atendimento ao assinante com mensagens.
A Compuserve não tem fórum de sexo, ao contrário da America On Line e outros serviços similares (detalhe curioso: seu fórum mais disputado é o de religião; na AOL, o campeão é o de sexo). Ela apenas dava acesso a grupos da Internet. No afã de limpar a área, eliminou grupos de educação sexual, só porque tinham a palavra sexo no título.
Palavra-chave
Este é um dos problemas da confiança na palavra-chave que o computador induz. Dá até para imaginar o administrador do sistema varrendo todos os grupos que tivessem a sequência de letras "s-e-x" no título. Lembra a America On Line, que recentemente cortou todas as discussões que contivessem a palavra "seioïï de seu serviço. Dançou até um fórum da Associação do Câncer. Moral da história: não dá para reduzir a sexualidade a sequências alfabéticas.
Esses programas que bloqueiam acesso a endereços que contém "indecênciasïï ainda vão ser motivo de muita piada, ainda mais porque todos procuram palavras em inglês. Não vão servir para nada quando encontrarem uma página em sueco ou em japonês.
Webfesta
Hoje tem festinha da "Wiredïï, da "HotWiredïï e da... "HardWiredïï. Vai haver uma transmissão em Real Audio (programa que transmite som pela Internet). Para comemorar os três anos da primeira, um ano da segunda e o lançamento da terceira, que vem a ser a editora (de livros mesmo) da "Wired". Estão no programa umas bandas étnicas de San Francisco e uma performance do Survival Research Labs, que apresenta shows com robôs e máquinas bélicas. Provavelmente vão fazer um barulhão digno daquelas bandas industriais dos anos 80. O endereço é http://www.hotwired.com/special/party.
Serve pelo menos para testar o Real Audio ao vivo. Quem tiver placa de som e acesso à Internet pode baixar o programa no http://www.realaudio.com.

O endereço eletrônico da coluna NetVox é netfolha@sol.uniemp.br

net notas
Cordel na Internet! Não é demais? A página de José Pessoa de Araújo (http://www.u-netsys.com.br), além de totalmente bizarra, é muito bonita. Aliás, a página da U-Net está bem esperta, com animações em Java e tudo (http://www.u-netsys.com.br).

A AT&T anunciou na semana passada que vai reformular a AT&T Business Network e se concentrar em serviços na Web. Segundo a empresa, no fim de 96 a Web vai ser o principal meio de distribuição da Business Network (http://www.att.com/bnet).

Que um fã maluco com tempo de sobra montou a Xuxa Web (http://www.indirect.com/www/rcarter/xuxa/) já se sabe. Mas a Xuxa tem também um grupo de discussão só para ela. É o alt.tv.xuxa, que não é de brasileiros nem de crianças. Só tem marmanjo americano.

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