São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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Avancini quer criar oficina de roteiristas

ANGÉLICA BANHARA
EDITORA DO TV FOLHA

O diretor de dramaturgia da Rede Manchete, Walter Avancini, pretende criar uma oficina de roteiristas neste ano. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
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Folha - Qual o principal problema da televisão hoje?
Walter Avancini - A maior dificuldade é a falta de roteiristas. No Brasil, ou a pessoa se sente autor e trabalha isoladamente ou tenta ser roteirista, mas sem experiência de fazer sob encomenda.
Folha - Qual a solução?
Avancini - Estou buscando candidatos a roteiristas que tenham visão sociológica, política e psicológica para novela. Gostaria que entrassem em contato. Montei em São Paulo, no final dos anos 70, uma oficina de autores de onde saíram Carlos Lombardi e Suzana Amaral. Vou tentar criar uma oficina para roteiristas na Manchete.
Folha - Você é muito exigente?
Avancini - No espetáculo, o ator é o mais importante. Meu processo de exigência é permanente e o ator pode se atemorizar. A TV não dá tempo para trabalhá-lo. O diretor tem de tirar o máximo de resultados rapidamente.
Folha - E os diretores brasileiros?
Avancini - Não há diretores com formação para dirigir. Há aqueles que se formam pelo lado estético, que coordenam bem imagens e enquadramentos. Mas falta-lhes a paixão pelo ator -que é vítima da falta de orientação.
Folha - O que você acha dos modelos que viram atores?
Avancini - Ser ator não depende fundamentalmente de escola. Ela instrui, mas não dá talento. É corporativismo achar que só quem é formado em escola deva ter oportunidade. Podemos encontrar modelos com talento. A triagem final é feita pelo público, pelo resultado do trabalho. Quem não tem talento, por mais linda (o) que seja, não sobrevive. Desaparece.
Folha - Os diretores estão preparados para orientar, ao mesmo tempo, atores já formados e aqueles que estão aprendendo?
Avancini - Há espaço para a orientação. Se você sabe como trabalhar o ator, apenas acelera essa velocidade, dá toques. Isso, você pode fazer o tempo todo. Está dentro do ritmo de trabalho da novela. No segundo mês, você vai sentir a diferença. As pessoas assimilam. Folha - Quais são seus planos, além de dirigir o Núcleo de Dramaturgia da Manchete?
Avancini - Tenho o projeto de uma minissérie em quatro episódios sobre a vida de Zumbi. Devia ter acontecido em 95, na comemoração dos 300 anos da morte de Zumbi. Mas estão saindo subsídios para fazer um espetáculo pretensioso. Estou nesse projeto desde fevereiro de 95. Ele deve acontecer até março. É uma produção independente, para exibição na TV educativa. Depois, a comercialização será feita pela Fundação Palmares, responsável pelo projeto.

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