São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996 |
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Governo espera mais investimento
CLÓVIS ROSSI
A comparação com 1994 -e não com 1995- se justifica pelo fato de que foi o ano anterior à crise mexicana, que provocou em 1995 um forte refluxo no ingresso de capitais para os chamados "mercados emergentes", entre eles o Brasil. É, em parte, nesse número que o governo federal aposta para enfrentar o desemprego, um dos dois grandes desafios que a equipe econômico enxerga neste início de ano (o outro é o desequilíbrio das contas públicas). O investimento direto cria fábricas. E fábricas criam empregos. Mas esse não é o único item nas intenções oficiais para enfrentar o desafio do desemprego crescente. O governo pretende atuar em três outras áreas, aliás de uma for mais direta. A primeira delas é na modificação da legislação trabalhista, de forma a reduzir o custo de contratação e demissão de mão-de-obra. Os estudos convencionais indicam que é tão caro hoje contratar empregados e, depois, demiti-los que o empresariado se retrai. O Ministério do Trabalho vem estudando alterações na legislação trabalhista desde que o ministro Paulo Paiva assumiu. Mas os estudos pouco avançaram até agora porque a prioridade oficial era, como ainda é, as reformas constitucionais. O segundo ponto é ampliação dos programas de retreinamento profissional. Aqui também, a análise ortodoxa diz que as novas tecnologias expulsam mão-de-obra não qualificada que não consegue recolocação em outras áreas. Portanto, em tese, quem é vítima da tecnologia pode voltar ao mercado -se tiver uma nova qualificação. O Ministério do Trabalho informa que, em 1995, até novembro, foram repassados aos Estados R$ 44,4 milhões destinados exclusivamente a programas de formação profissional. Com essa verba, foram retreinados 225.324 trabalhadores, 150% mais do que em 94. Mas é pouco, se se considerar que só um setor (a indústria) de um único Estado (São Paulo) expeliu em 95 cerca de 180 mil operários. Por fim, o governo promete estimular ao máximo um setor tradicionalmente grande empregador de mão-de-obra, a construção civil, em especial a residencial. É, dos setores industriais, o que menos emprega novas tecnologias e, portanto, dos mais aptos a criar emprego em boa quantidade. Todas essas iniciativas, espera o governo, tendem a melhorar a situação do emprego. Mas o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, admite: "Milagre, realmente, não dá para fazer". LEIA MAIS sobre desemprego na pág. 2-3 Próximo Texto: Para CNI, economia vai crescer neste ano Índice |
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