São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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Chefe da espionagem russa será chanceler

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente russo, Boris Ieltsin, nomeou ontem Ievgueni Primakov, chefe do serviço de espionagem e especialista em Oriente Médio, o novo chanceler do país.
Primakov substitui Andrei Kozirev, que se demitiu na última sexta-feira para se tornar membro da Duma, o equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil.
O cientista político Primakov, 66, foi o enviado russo ao Oriente Médio que tentou evitar a Guerra do Golfo, negociando com o presidente do Iraque, Saddam Hussein, em 1990.
Ele foi depois indicado pelo último presidente da extinta União Soviética, Mikhail Gorbatchov, para liderar o serviço de espionagem do país após a divisão da KGB (serviço secreto) em várias partes.
O gabinete de Ieltsin afirmou que não haverá mudanças na política externa do país. Primakov foi membro do Partido Comunista de 1959 a 1991 e, no governo Gorbatchov, foi membro do Politburo (comitê central).
Ele fala árabe e foi correspondente do "Pravda", antes o jornal oficial soviético, nos anos 60.
Vladimir Lukin, um dos líderes do partido liberal Iabloko ("maçã", em russo) e, antes, o mais cogitado para o cargo, disse que a escolha de Ieltsin era muito boa.
A escolha de Primakov pode ter relação com a vitória de neocomunistas e nacionalistas nas eleições parlamentares do dia 17 de dezembro. Eles são contrários a uma aproximação com o Ocidente.
Por sua aproximação com o Ocidente, o Parlamento russo chegou a pedir a destituição de Kozirev, afirmando que o ex-chanceler não havia firmado a posição russa em relação à Bósnia, depois dos ataques da Otan (a aliança militar ocidental) contra os sérvios, tradicionalmente aliados aos russos.

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