São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996
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Micro livra artistas do trabalho braçal

HEINAR MARACY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um dos trabalhos mais artesanais do mercado editorial está se rendendo à informatização.
Seguindo uma tendência já bastante difundida nos EUA, desenhistas brasileiros de histórias em quadrinhos estão começando a utilizar o computador para facilitar a produção de suas obras.
"O computador tira o trabalho braçal do artista", diz Osvaldo Pavanelli, autor da revista "Casseta e Planeta em Quadrinhos", da editora Press.
Segundo Pavanelli, teria sido impossível terminar as 21 páginas coloridas da revista em duas semanas, sem o auxílio de seu Power Macintosh 8.100, com 40 Mbytes de memória RAM.
Pavanelli continua fazendo seus desenhos à mão, com caneta, pincel e tinta nanquim.
Depois de desenhar o esboço de uma página, ela é digitalizada em um scanner e aberta no programa de tratamento de imagens "Adobe Photoshop 3.0".
O desenho é alterado, os personagens e cenários que aparecem mais de uma vez são copiados e duplicados, e a cor é aplicada.
Segundo Pavanelli, o processo de colorização de uma história em quadrinhos é trabalho estafante e foi facilitado pelo micro.
"A aplicação de cor, que era um problema para mim, ficou muito fácil." Pavanelli decidiu trabalhar com um Mac pela fidelidade que o sistema apresenta entre o que se vê na tela e a impressão.
Para os desenhistas que estiverem interessados em começar a mexer com ilustrações digitais, Pavanelli aconselha fazer um bom investimento em equipamento. "Cerca de 20 páginas de HQ podem muito bem lotar um disco rígido de 500 Mbytes."
O próximo passo de Pavanelli será comprar um tablet, com caneta sensível à pressão, para poder desenhar no "Photoshop".
Outro exemplo de história em quadrinhos feita no computador é a série que o ilustrador Henrique Kipper está fazendo para a revista de RPG "Dragon Magazine".
Kipper desenha suas histórias "em pedacinhos", que são digitalizados, alterados e montados em formato de páginas no "Photoshop". O resultado é uma espécie de colagem, em que efeitos obtidos com uso da tinta guache fundem-se com efeitos de filtros do "Photoshop".
"O computador traz uma série de novos recursos para o artista, facilita bastante o trabalho, mas não altera o principal: sem uma boa idéia, não é possível fazer uma boa história, mesmo com o melhor dos computadores."

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