São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
Próximo Texto | Índice

Ovelhas ganham espaço em São Paulo

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO MANUEL

Cafeicultores e pecuaristas no interior de São Paulo estão investindo na criação de ovinos como alternativa para aumentar o faturamento de suas fazendas.
Segundo a Aspaco (Associação Paulista dos Criadores de Ovinos), com sede em São Manuel (SP), o rebanho paulista já é de 250 mil cabeças, com crescimento anual em torno de 10%.
Em todo o país, existem 18 milhões de ovinos de 18 raças diferentes, que fornecem matéria-prima para produção de lã, carne e couro.
Os maiores rebanhos estão no Rio Grande do Sul, com 5 milhões de animais, e no Nordeste.
Em São Paulo, os ovinos estão ocupando áreas usadas no passado para produção de café, como é o caso da região de São Manuel.
A principal raça criada no interior paulista é a corriedale, que serve para a produção de carne e de lã.
O presidente da Aspaco, Francisco Manoel Fernandes, 35, diz que os produtores rurais vêem hoje os ovinos como uma atividade rentável e interessante.
"Daí o interesse crescente na criação e expansão dos rebanhos. Mas só obtém resultados quem realmente se especializar", diz.
Os produtores de Franca (SP) estão testando uma nova raça, morada nova, originária do Nordeste e destinada à produção de couro para a indústria de calçados.
O rebanho na região de Franca é de 5.000 cabeças, ainda pequeno para o consumo de couro das indústrias.
"As indústrias de calçados consomem cerca de 20 mil peles por mês. Cada pele bruta, apenas salgada, é comercializada a R$ 5", diz Fernandes.
Para suprir a demanda, as indústrias compram peles no Nordeste, onde a morada nova é criada no sertão.
A produção de carne e lã também é lucrativa, segundo a Aspaco. O quilo de carne de cordeiro é vendido no varejo entre R$ 4 e R$ 5, o mesmo preço da carne bovina de primeira.
São Manuel já tem um abatedouro especializado em ovinos, que comercializa por mês quatro toneladas de carne.
"São Paulo é o maior consumidor de carne de ovinos do país", afirma Fernandes.
A produção de lã, segundo ele, sofreu as consequências da instabilidade de preços no mercado internacional nos últimos dez anos.
O preço da lã chegou a ser cotado entre US$ 4 e US$ 5/quilo em meados da década de 80. Há três anos, o preço despencou para US$ 1 e há dois anos está oscilando entre US$ 2 e US$ 3, patamar considerado histórico pelos produtores.
No ano passado, a produção de lã em São Paulo chegou a 45 t.

Próximo Texto: Confinamento melhora a produtividade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.