São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Pecuarista pretende 'importar' touradas

SP terá encontro de 'matadores'

BRUNO BLECHER
EDITOR DO AGROFOLHA

Trazer as "corridas de toro" para o Brasil é o projeto do fazendeiro Fernando Marsella, que resolveu bancar -"com o próprio bolso"- o 1º Encontro Brasileiro Internacional de Tauromaquia.
"Há mercado para esse esporte no Brasil. Basta ver o sucesso dos rodeios no interior e a audiência das touradas transmitidas pela TVA e Multicanal", diz Marsella.
Segundo dados do Consulado da Espanha, a colônia espanhola em São Paulo reúne mais de 1 milhão de pessoas.
Bisneto de espanhóis e criador de gado jérsei e cavalo andaluz em Atibaia (SP), Marsella acredita que vários setores da economia, principalmente pecuária e turismo, sairiam ganhando com as touradas.
"A médio prazo, o Brasil poderia selecionar touros bravos, a partir de animais trazidos da Espanha, e passar a ser exportador", diz ele.
Além disto, com as touradas, a criação de cavalos lusitano e andaluz no país ganharia fôlego, acrescenta.
Ele reconhece, porém, que está comprando uma briga feia. "Muitas pessoas ficam chocadas com a idéia, mas o objetivo do congresso é mostrar que a tourada não é um esporte selvagem", diz.
Para Sônia Fonseca, diretora da União Internacional de Proteção aos Animais (Uipa), Marsella pode engavetar seu projeto.
"Existem leis, federais e municipais, que proíbem as touradas no Brasil e a própria Constituição estabelece que cabe ao poder público vedar as práticas de crueldade com os animais", ela alerta.
Fábio Feldmann, secretário estadual do Meio Ambiente, também é contra. "Isto é loucura. No México e na Espanha, a tourada é uma tradição cultural. Aqui não", diz.
O encontro de tauromaquia vai reunir 30 especialistas espanhóis, entre eles os "matadores" José Miguel Arroyo, Manolo Sánchez e Rui Vásques.

ENCONTRO BRASILEIRO INTERNACIONAL DE TAUROMAQUIA: De 23 a 25 de fevereiro, no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. Tel. (011) 289-0621.

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