São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Plantio de soja cresce 8,5% no Paraná

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A expectativa dos produtores, principalmente os que não são ligados a cooperativas, é lucrar com o produto em 1996.
Luis Carlos Arantes, 49, que plantou 326 hectares de soja e 154 hectares de milho na região de Campo Mourão (centro-oeste do Paraná), afirma que apostou na cultura pelas informações de preços bons no mercado para a colheita.
Nas previsões da Secretaria de Agricultura do Paraná, a cultura terá acréscimo de área de 8,5%.
Nas outras culturas de verão, o Paraná trabalha com perspectivas mais modestas (veja tabela).
O presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Isaías Custódio, que visitou o Paraná na última semana, disse que este ano o produtor irá receber um preço justo, depois de ter arcado com as contas do Plano Real.
Esse otimismo não é compartilhado por Carlos Fuentes Martins, 59, produtor de milho no sudoeste do Paraná.
Fuentes, que produz o cereal em 59 hectares, disse ter medo de que o produto mantenha sua tendência de preços baixos.
Ele diz que, na safra 94/95, perdeu dinheiro na venda do milho.
Nematóide ameaça
A perspectiva de bom lucro com a soja nesta safra foi abalada, na semana passada, com a notícia da chegada, ao Estado do Paraná, do nematóide de cisto, um tipo de verme.
O nematóide foi detectado em dez hectares cultivados com soja em uma lavoura do município de Sertaneja, a 40 km de Londrina.
Segundo Francisco Ferraz de Toledo, chefe do Centro Nacional de Pesquisa de Soja (CNPSo), a doença surgiu pela primeira vez no país, há quatro anos, em Nova Ponte (MG), e, desde então, já atingiu 1 milhão de hectares em sete estados brasileiros, causando prejuízos de R$ 32 milhões.
Na avaliação dos técnicos da Embrapa, a safra deste ano pode não ser comprometida, uma vez que os danos causados pela doença demoram um pouco a aparecer.
O verme penetra nas raízes das plantas, dificultando a absorção de águas e nutrientes.
Para as próximas safras, porém, os prejuízos são iminentes, caso o verme se espalhe pelas regiões produtoras do Estado.
Para controlar a doença, os produtores de soja devem adotar a rotação de culturas, recomenda João Flávio Veloso Silva, especialista em nematóides do CNPSo.
"Os produtores devem ficar de olho em suas lavouras. O nematóide se espalha de várias formas, por meio dos equipamentos agrícolas e até pelos calçados", explica Silva.
Pelos cálculos da Embrapa, caso a doença não seja controlada, poderá ocasionar, no próxima ano, uma quebra de 30% da safra paranaense, com prejuízo de cerca de R$ 450 milhões.

ONDE SABER MAIS:
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro Nacional de Pesquisa de Soja (CNPSo), tel. (043) 320-4166, Londrina (PR).

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