São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Paulista deve ter 'chuva' de cartões

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Campeonato Paulista deve assistir a uma "chuva" de cartões amarelos e vermelhos, principalmente nas primeiras rodadas. Juízes e especialistas da Federação Paulista de Futebol compartilham essa expectativa.
O motivo é a cartilha de arbitragem distribuída aos juízes, reunidos em Campinas para uma série de aulas e treinos físicos (veja quadro abaixo).
O objetivo dessa orientação, segundo o diretor da Escola de Árbitros, Gustavo Caetano Rogério, é combater a indisciplina nos campos de futebol.
"Os jogadores devem se convencer de deixar a arbitragem para os juízes e as reclamações, se for o caso, para os dirigentes", diz.
Ele espera que após algumas rodadas diminua o número de "situações que pedem o uso de cartões".
Por isso, nas reuniões em Campinas, uma "pré-temporada" dos árbitros, Rogério vai insistir que se puna qualquer atitude de indisciplina.
Por exemplo, o juiz está obrigado a mostrar cartão amarelo a qualquer jogador que pedir cartão a um adversário.
A orientação pode provocar polêmica. Se um jogador sofrer uma falta por trás, e pedir cartão para seu agressor, os dois receberão cartão.
"Se o que recebeu a falta já tiver amarelo, recebe um amarelo seguido de vermelho", explica Rogério. Ou seja, é expulso.
Alguns árbitros, que não quiseram se identificar, mostraram temor quanto à própria segurança.
"É preciso ter certeza de que vamos ter retaguarda", diz um. "Se um juiz der muito cartão, os clubes não vão mais querê-lo em seus jogos", diz outro.
Há também posições contrárias. "Juiz que aceita pressão não é juiz", diz o carioca Léo Feldman.
"Se tiver que dar, dou mesmo", completa o paulistano Alfredo Santos Loebeling.
Mas Loebeling confirma que uma atuação rigorosa pode causar dor de cabeça. "Numa partida em Santos, marquei falta do Edinho por reter a bola. No lance, o Novorizontino empatou. No fim do jogo, foi difícil sair de lá. Mas acho que divulgar essa orientação vai ajudar nosso trabalho."
É esse, segundo Rogério, a meta da publicação da "cartilha".
"Agora, jogadores, dirigentes, público e até jornalistas vão conhecer melhor as regras. Assim, vai haver menos polêmica."
Rogério ressalta, porém, que a pré-temporada não assegura a padronização das arbitragens. "É impossível. Buscamos a uniformização de critérios."
A pré-temporada vai até o dia 28, no Guarani, em Campinas. Os juízes terão aulas sobre regras, condicionamento físico e palestras.

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